Economia: este pode ser o pior Natal em seis anos - ALÔ ALÔ CIDADE

Economia: este pode ser o pior Natal em seis anos

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Natal deve decepcionar varejo. Retração da economia derruba consumo, intenção de compra e confiança do consumidor

23/10/2014 21:22
Economia: este pode ser o pior Natal em seis anos - Foto/reprodução: ilustrativa

O atual cenário de retração da economia que ronda o país já chegou ao consumidor. A situação pode ser percebida pela menor movimentação no comércio, pela redução das estimativas de vendas dos supermercados e pelas quedas sucessivas nas intenções de compra e nos índices de confiança do consumidor. E, diferentemente do que ocorre tradicionalmente nesta época do ano, as projeções para o período natalino não são nada animadoras. De acordo com a Associação de Lojistas de Shopping (Alshop), este pode ser o pior Natal dos últimos seis anos para o varejo brasileiro.

Na avaliação do diretor de Relações com os Investidores da entidade, Luis Augusto Ildefonso da Silva, há uma uma superposição de fatores negativos que estão colaborando para a queda do consumo no país. Segundo ele, enfrentamos uma economia paralisada, com inflação e juros altos, além de uma indústria sucateada.

"A falta de confiança na economia afeta o comércio. As pessoas tendem a comprar menos. Com isso, as encomendas para o Natal foram menores do que no ano passado, com os estoques represados. A expectativa dos lojistas para o desempenho no fim deste ano está ligada ao Dia das Crianças e ao Natal. Tivemos um Dia das Crianças ruim, o pior dos últimos seis anos. Isso indica que o Natal também não tende a ser bom. Pode repetir a data anterior", afirmou.

Outro dado que demonstra a queda no consumo foi revisão - para baixo - das expectativas de crescimento do setor supermercadista neste ano. Em Minas, por exemplo, era esperada alta no faturamento da ordem de 3,5%. Agora, projeta-se chegar a uma expansão de 2,5%, segundo a Associação Mineira de Supermercados (Amis).

Também em conseqüência da desaceleração econômica, o crescimento esperado para o acumulado de 2014 deverá ficar bem abaixo do registrado em 2013. Naquele exercício, o segmento alcançou faturamento 4,98% maior do que o contabilizado em 2012.

Além disso, pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), apresentou em outubro queda de 0,4% (121,5 pontos) na comparação com o mês anterior e queda de 3,8% em relação a outubro de 2013.

Já o nível de confiança das famílias com renda abaixo de dez salários mínimos mostrou queda de 0,6% na comparação mensal, enquanto aquelas com renda acima de dez mínimos apresentaram aumento de 0,4%. O índice das famílias mais ricas encontra-se em 124,5 pontos, e o das demais em 121 pontos. Na mesma base de comparação, os dados regionais revelaram que a maior queda ocorreu na região Sudeste, com retração de 1,1%, e a melhor avaliação ocorreu no Nordeste, com aumento de 0,6%.

"Sentimos que estamos entrando em um processo de forte retração", afirmou o presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), Roberto Fagundes. De acordo com ele, o mercado retraiu. "A indústria caiu, está produzindo menos e com dificuldades. O emprego ainda está alto, mas também começou a cair. Isso mina a confiança dos consumidores. O dinheiro passa a circular menos e as pessoas restringem as compras", observou.


Eleições - Na avaliação do dirigente da ACMinas, o consumo no final deste ano está muito direcionado ao resultado das eleições. "Estamos aguardando mudanças, qualquer que seja o candidato vencedor. Se elas ao menos forem sinalizadas as vendas de Natal tendem a ser melhores. Mas se a atual política for mantida, teremos um Natal fraco. E o ano que vem tende a ser pior", ressaltou.

Opinião semelhante tem o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Bruno Falci. Segundo ele, o problema da atual política econômica é que ela apenas combateu a inflação alta com o aumento dos juros. "Precisamos de um conjunto de ações, que começam com redução de gastos e aumento dos investimentos. Mas nada disso foi feito", afirmou.

Para Falci, o Estado está sendo muito prejudicado com a falta de investimentos. "Nós contribuímos com 10% do PIB do país, mas não recebemos nem 1% dos investimentos. Dessa forma, não há crescimento. Esperamos que as mudanças venham, dependemos delas para continuar crescendo. Caso contrário teremos forte retração do consumo", prevê.

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