Sonhos: fabrica de artigos de balett da cidade da Campanha patrocina projeto social da cracolândia em SP - ALÔ ALÔ CIDADE

Sonhos: fabrica de artigos de balett da cidade da Campanha patrocina projeto social da cracolândia em SP

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A reportagem foi ao ar no último domingo (19) no Fantástico (Globo).

Menina de 9 anos que mora na cracolândia fez teste para o Bolshoi. 


21/10/2014 00:02
Paixão de Bia pelo balé começou em projeto social que atua na região da cracolândia. Por se dedicar ao sonho da filha, mãe perdeu o emprego.

Menina de 9 anos que mora na cracolândia fez teste para o Bolshoi - Foto/reprodução: G1
A menina Bia tem apenas 9 anos e mora na cracolândia, em São Paulo. Ela é um exemplo de que, apesar de todas as dificuldades, é possível sonhar com uma vida melhor. Bia concorreu, neste domingo (19) a uma bolsa de estudos para uma das melhores escolas de balé do mundo.
A menina Bia tem apenas 9 anos e mora na cracolândia, em São Paulo - Foto/reprodução: G1
Ela se chama Vitória Beatriz. E é esse nome que ela procura na lista. E quando acha o choro é de alegria. E não é à toa.
Todos os anos, centenas de crianças vão a Santa Catarina, lutar por um lugar na escola do Balé Bolshoi, a única fora da Rússia. Este ano, foram 45 candidatos por vaga. O que equivale aos vestibulares mais difíceis do Brasil.
Bia com grupo de meninas a espera do resultado - Foto/reprodução: G1
“Através da seleção rigorosa e bem criteriosa as crianças entram na escola. Depois têm oito anos de estudo, uma educação de altíssima qualidade. E depois de se formar muitos deles têm... Cerca de 70% dos alunos da escola do teatro Bolshoi trabalham área, trabalham nas melhores companhias do mundo. Então realmente é um projeto completo, que ajuda a criança a ter uma oportunidade na vida”, afirma Pavel Karazian o supervisor do Balé Bolshoi.
Através da seleção rigorosa e bem criteriosa as crianças entram na escola - Foto/reprodução: G1

Apesar de toda a emoção, esta é apenas a primeira etapa: a do exame físico. Mas, para Bia, o teste tem um significado muito maior. Entrar para o Bolshoi pode ser a chance de sair de um lugar em que sonhos são destruídos.
O começo dessa história é em um dos lugares mais degradados da capital paulista. O Fantástico foi bem para o meio da cracolândia, região do centro de São Paulo, que é conhecida pelo enorme número de usuários de crack. E é lá que mora a sonhadora bailarina.
A Bia vive com a mãe e dois irmãos em um apartamento bem pequeno, de quarto, cozinha e banheiro.
Rosana Souza de Oliveira, mãe de Bia - Foto/reprodução: G1
A equipe do Fantástico conversou com a mãe de Bia:

Ela ensaia no corredor, na cozinha, diz a mãe de Bia, Rosana Souza de Oliveira - Foto/reprodução: G1
Fantástico: Aqui é o quarto?
Rosana Souza de Oliveira, mãe da Vitória: Aqui é o quarto.
Fantástico: Deixa eu ver. Mas aqui é muito apertadinho, não é, Rosana?
Rosana Souza de Oliveira: É, apertado.
Fantástico: E onde que a Bia consegue ensaiar aqui?
Rosana Souza de Oliveira: Ela ensaia no corredor, na cozinha.
Fantástico: Como que você consegue fazer alguma coisa aqui?
Vitória Beatriz: Eu seguro no fogão da minha mãe.
Rosana Souza de Oliveira: É o único lugar que eu consigo pagar o aluguel. Só aqui. E o pior é que aqui tem muito cheiro de droga mesmo. Eu não quero criar meus filhos aqui.
A paixão de Bia pelo balé começou em um projeto social que atua na região da cracolândia.
Bia no teste - Foto/reprodução: G1
“Eu coloquei minha filha lá como uma porta de escape porque que tinha que trabalhar, não tinha com quem deixar ela”, conta Rosana.
A menina se encantou pela dança. E Rosana incentivou. Mas por se dedicar ao sonho da filha, acabou perdendo o emprego.
“Aí, como teve a viagem da bia, faltei no trabalho duas vezes porque precisei. E aí a minha patroa não gostou e ela me dispensou. Aí eu fui trabalhar para mim, vender café, vender bolo, sanduíche”, revela Rosana.
“Eu nunca imaginei que eu ia fazer balé. Pensei que era muito difícil, que eu nunca ia conseguir fazer nenhum passo”, diz Bia.
“Ela é disciplinada, ela é muito meiga, ela é uma menina dedicada”, conta a professora do Projeto Novos Sonhos Márcia Ylana.
A dedicação fez com que Bia fosse escolhida para fazer o teste para o Bolshoi.
“É uma nova porta para a Bia. Ela é a mesma menina com o mesmo brilho no olho desde que eu a conheci. Desde que eu a conheci”, diz Márcia Ylana, emocionada.
Professora do Projeto Novos Sonhos, Márcia Ylana, fala emocionada de Bia - Foto/reprodução: G1
“É difícil, você mora do lado da cracolândia e aí você pede uma vaga para botar sua filha que você tem que trabalhar. E de repente a sua filha vira uma bailarina que todo mundo vê, todo mundo enxerga. Então, é emocionante”, destaca a mãe.
Eu vou ser professora dos Novos Sonhos. Dar aula para as crianças também. Eu gosto do balé”, conta Bia - Foto/reprodução: G1

Mas e se a Bia não passar nos testes?
“Se eu não passar, eu vou continuar fazendo balé aqui e ser uma grande bailarina. Eu vou ser professora dos Novos Sonhos. Dar aula para as crianças também. Eu gosto do balé”, conta Bia.
Em Joinville, a peneira continua. Bia concorre com meninas de vários estados e o nível de exigência é altíssimo.
Em Joinville, a peneira continua. Bia concorre com meninas de vários estados e o nível de exigência é altíssimo - 
Foto/reprodução: G1
“É uma avaliação onde eu vou observar as questões corporais. Por exemplo a condição cardíaca, a pulmonar. Porque nós falamos de uma artista, com certeza, mas o cuidado com o corpo e o desenvolvimento físico é de uma atleta de alto rendimento”, revela uma avaliadora do Balé Bolshoi.
Na segunda bateria de exames, vêm a parte musical e artística. E, mais uma vez, a expectativa do resultado. Haja coração.

Evidence Ballet, patrocinadora do projeto social - Foto/reprodução

Mais informações sobre o projeto: Site: http://www.evidenceballet.com.br/
Leia na íntegra no G1