PF ouve políticos sob suspeita de comprar votos em Três Corações - ALÔ ALÔ CIDADE

PF ouve políticos sob suspeita de comprar votos em Três Corações

Compartilhar isso

Ex-prefeito, ex-vice e uma vereadora da cidade prestaram depoimento.
'Operação 299' aponta custeio de benefícios feito com dinheiro público.

15/10/2014 22:55
Operação da Polícia Federal combate crimes eleitorais em Três Corações (Foto: Reprodução EPTV)
Operação da Polícia Federal combate crimes eleitorais em Três Corações (Foto: Reprodução/ EPTV)
O ex-prefeito de Três Corações MG Fausto Ximenes, o ex-vice Sérgio Auad e a presidente da Câmara Municipal, Regina Célia Valadão, prestaram depoimento na tarde desta quarta-feira (15) na Polícia Federal em Varginha MG. Eles são suspeitos de participarem de uma suposta compra de votos que teria acontecido nas eleições municipais de 2012. A investigação teve início nesta terça-feira (14) com a "Operação 299", quando a polícia ouviu 14 pessoas, entre eleitores e servidores públicos, também acusados de envolvimento no caso.
Ex-prefeito de Três Corações MG Fausto Ximenes, chegando na PF para depoimentos -
Fotos/reprodução: Eptv
Segundo a Polícia Federal, há indícios de que, dois anos atrás, eleitores de Três Corações teriam recebido benefícios em troca de votos. Ainda conforme a polícia, suspeita-se que parte desses bens foi financiado pelos cofres públicos da cidade.
Ex-vice Sérgio Auad, também deu depoimentos - Fotos/reprodução: Eptv

Uma gravação constante no processo apresenta a conversa entre uma eleitora e uma pessoa, cuja voz é atribuída ao ex-vice prefeito Sérgio Auad.
Presidente da Câmara Municipal, Regina Célia Valadão, também investigada pela PF - Foto/reprodução: Eptv

Conversa entre Suposta eleitora e Sérgio Auad:

Eleitora: Oi.
Sérgio Auad:  Jóia?
Eleitora: Tudo bem...
Sérgio: 'Tô' mandando uma areia 'proceis', que o Quati me pediu, viu?
Eleitora: Ah...'tá'  jóia. 'Brigadão'...
Sérgio: Ajuda 'nóis'. Se não chegar hoje, chega amanhã, viu? Já 'tá na lista aqui'.
Eleitora: Ah, então 'tá bão'. Pode deixar. Vou arrumar voto com meu pai, com a minha sogra.
Sérgio: 'Tô' sendo firme com você.
Eleitora: Ahã.
Sérgio: Conto 'coceis'..
Eleitora: Tão tá bão'. Muito obrigada, viu?
Sérgio: Abraço! 'Fica' com Deus!"

Reprodução da ligação entre eleitora e ex-vice prefeito - Imagem/reprodução: Eptv

Operação
Durante a manhã desta terça-feira, policiais federais estiveram no Juizado Especial de Três Corações e ouviram suspeitos de terem vendido votos em troca de materiais de construção. Entre os investigados, conforme a Polícia Federal, estão um ex-prefeito, um ex-vice-prefeito e vereadores de Três Corações, além de uma empresa sediada em Belo Horizonte (MG), que financiaria campanhas para políticos de Três Corações, mediante simulação de serviços e emissão de notas fiscais frias.

  A operação – cujo nome se refere ao artigo do Código Eleitoral que criminaliza a corrupção eleitoral – é um desdobramento da “Operação Metástase 57”, deflagrada em dezembro de 2013, por meio da qual a PF colheu elementos indicativos do uso da máquina pública para fins eleitoreiros. O número 299 se refere ao artigo do Código Eleitoral que investiga crimes de compra de votos e crimes de peculato.

Segundo o delegado da Polícia Federal, João Carlos Girotto, as pessoas ouvidas nesta terça-feira confirmaram o recebimento dos bens. "A sequência da investigação é a oitiva dos agentes públicos. Nós temos o envolvimento do executivo municipal à época que pleiteava a reeleição e de também vereadores que estão exercendo o cargo, além do ex-prefeito e do ex-vice-prefeito, já investigados", disse.
Ainda de acordo com Girotto, há indicativos do recebimento de outros benefícios por parte dos vendedores de votos, como cestas básicas, terraplenagem e outros bens que supostamente foram fornecidos. "Uma das frentes da investigação é apurar se estes bens eram patrimônio público, o que acarretará também outro crime", explicou.

A ação seguiu nesta quarta-feira, quando servidores da prefeitura e pessoas que detinham cargo na gestão passada foram ouvidos. Fausto Ximenes, Sérgio Auad e Regina Célia Valadão não quiseram se manifestar sobre o caso.

Informações: Polícia Federal
Leia na íntegra: G1