Comunicação mais precisa poderia ter salvado bebê em creche, diz bombeiro - ALÔ ALÔ CIDADE

Comunicação mais precisa poderia ter salvado bebê em creche, diz bombeiro

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10/12/2013 13h48 - Atualizado em 10/12/2013 17:01                           

Em ligação para o 193, corporação foi avisada sobre caso de sangramento.
Se alerta fosse de engasgamento, orientação já seria dada por telefone.

Em ligação telefônica feita ao Corpo de Bombeiros da creche de Mogi Guaçu (SP) onde um bebê morreu na segunda-feira (9), a corporação não foi informada de que a criança estava engasgada, o que poderia ter reduzido a chance de morte do garoto. "Quando fizeram a ligação, eles passaram como sangramento e não como engasgamento. O nosso atendente poderia ter orientado o solicitante a fazer a manobra (para desengasgá-lo). Isso seria vital, questão de óbito ou não", diz o sargento dos bombeiros José Ferreira.
 
 
No relatório de ocorrência dos bombeiros também consta a divergência de informações. A corporação foi acionada pelo 193 às 16h20 e chegou à creche quatro minutos depois, mas o bebê já estava inconsciente. Segundo o sargento, quando os socorristas perceberam que se tratava de uma situação de engasgamento, iniciaram o procedimento para reanimá-lo, mas não houve sucesso. O bebê foi levado para o Hospital Municipal Doutor Tabajara Ramos, a cerca de 500 metros da creche, mas não resistiu.
 
Segundo a polícia, a suspeita é que Miguel Otávio de Godoy tenha se engasgado após ter sido alimentado com leite na tarde de segunda-feira. O bombeiro não soube dizer se na creche foi feita alguma tentativa semelhante, pelas educadoras, mas garante que não foi solicitada orientação por telefone para isso à corporação. O G1 procurou a instituição, mas ninguém atendeu aos telefonemas.
Bebê Miguel de Godoy, de 1 ano, morreu após se engasgar em creche (Foto: Reprodução EPTV)
Investigação A Polícia Civil abriu inquérito nesta terça-feira (10) para investigar se houve negligência no atendimento e responsabilidade nos cuidados da criança por parte da instituição. Segundo a delegada Raquel Casalli Gadiani, titular da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), o indiciamento será por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
Segundo a família, foi o primeiro dia que o garoto frequentava a creche. A mãe alimentou o menino com leite e depois o deixou na instituição por volta das 12h45 de segunda-feira. Uma educadora de 18 anos colocou o menino para dormir em um colchonete. De acordo com a delegada, quando ela percebeu que o menino estava passando mal procurou a diretora responsável.
 
A creche fez a solicitação de atendimento ao Corpo de Bombeiros e informou que a criança estaria com sangramento. A corporação levou quatro minutos para chegar ao local. Durante o atendimento dos bombeiros foi verificado que a menino estava asfixiado. Ele foi levado pelo resgate até o Hospital Municipal Doutor Tabajara Ramos, mas já chegou ao local desacordado. Os médicos tentaram reanimar Miguel, mas ele não resistiu.
 
O corpo do menino foi levado para o Instituto Médico Legal (IML). O enterro deve ocorrer em Andradas (MG), onde moram os familiares. A creche colocou um cartaz na porta de entrada com o aviso de que ficará fechada nesta terça-feira. A Prefeitura não informou se a instituição tinha alvará de funcionamento até esta publicação.
 
Laudos e depoimentos
A delegada Raquel Gadiani afirmou que informações preliminares do médico legista apontam que a causa da morte ocorreu por causa de asfixia mecânica provocada por alimento. “Ainda não se sabe qual alimento que o bebê engasgou”, disse. O laudo deve sair em até 30 dias. A dona da escola e a educadora vão ser as primeiras a serem convocadas para prestar depoimento. A intimação deve ocorrer até esta quarta-feira (11), de acordo com a delegada.
Além disso, devem prestar esclarecimentos a mãe, padrasto, médicos e bombeiros. A polícia também pretende fazer diligências no local para verificar se a instituição tem condições para prestar os cuidados para as crianças matriculadas. “É um caso que causa comoção e deixa os pais, que precisam trabalhar e deixar as crianças nas escolas, consternados. Esse é um dos motivos que vamos dar uma atenção maior para esclarecer o que ocorreu”, explicou a delegada.
 
O caso:
 
Aviso colocado na fachada da creche em Mogi Guaçu sobre luto (Foto: Luciano Tolentino/ EPTV)
 
 
 
 
Leia mais em: G1

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