Esse é um período de desenvolvimento cerebral intenso, em que os bebês já serão capazes de identificar os padrões rítmicos da leitura
*Psicopedagoga Luciana Brites
Desde a vida dentro da barriga da mãe, o bebê já
consegue ouvir os sons externos do mundo que o cerca. Em uma pesquisa realizada
com gestantes, os cientistas pediram que as mães lessem um texto para os bebês
ainda no útero, durante seis semanas.
Após o parto, ao ouvirem novamente o mesmo trecho,
o estudo demonstrou que os pequenos se acalmavam – diminuindo a frequência
cardíaca – e acionaram a parte do cérebro relativa à memória, ou seja, a
familiaridade com a cadência do texto, lido pela mãe, era capaz de influenciar
o comportamento dos bebês.
Esse é um período de desenvolvimento cerebral
intenso, em que os bebês já serão capazes de identificar os padrões rítmicos da
leitura. Mas além do potencial de desenvolvimento cognitivo para as crianças, o
que os especialistas defendem é que a leitura em voz alta para os
recém-nascidos é uma ferramenta importante para criação do vínculo afetivo
entre a criança e seus cuidadores, tão fundamental nesse estágio da vida.
Mas, para quem deseja saber o que a leitura fará ao
cérebro dos bebês, vale destacar que ao ler para o recém-nascido, os pais
também proporcionam à criança em desenvolvimento, por exemplo, o contato
visual, promoção da linguagem, construção de vocabulário e habilidades
emocionais e cognitivas importantes.
Além disso, a leitura em voz alta nos primeiros
meses de vida promove a sensação de segurança ao bebê. A voz materna, ou
paterna, é uma poderosa fonte de segurança.
Clássicos da poesia infanto-juvenil, escritos
especialmente para as crianças, auxiliam a percepção do bebê por fornecerem
padrões rítmicos estáveis e recorrentes. Além de captar a emoção de quem está
lendo, por meio da expressão da voz, o bebê será exposto aos arranjos e
musicalidade da literatura, que é diferente da comunicação verbal cotidiana.
Nos primeiros meses, a visão do bebê ainda não é
totalmente desenvolvida. Por isso, a audição é uma forma de captar o mundo
exterior. Aproveite para apresentar a ele poemas que você gosta, trechos de
livros que esteja lendo ou alguma história da sua infância.
Mesmo os recém-nascidos já serão capazes de
absorver rimas, assonâncias e aliterações contidas no texto. A leitura em voz
alta promove, a longo prazo, o desenvolvimento da atenção, da memória e da
retenção das crianças.
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Luciana Brites |
(*) CEO do Instituto NeuroSaber (www.neurosaber.com.br), Luciana Brites é autora de livros
sobre educação e transtornos de aprendizagem, palestrante, especialista em
Educação Especial na área de Deficiência Mental e Psicopedagogia Clínica e
Institucional pela UniFil Londrina e em Psicomotricidade pelo Instituto
Superior de Educação ISPE-GAE São Paulo, além de ser Mestra e Doutoranda em
Distúrbios do Desenvolvimento pelo Mackenzie