Renovação por 15 Anos e Troca de Controle da Concessionária Visam Modernizar Importante Eixo Rodoviário do País
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TCU Aprova Novo Modelo para Concessão da Fernão Dias com R$ 15 Bilhões em Investimentos - Foto: Google Maps |
O Tribunal de Contas da União (TCU)
deu sinal verde nesta quarta-feira (25) para uma solução consensual que
redefine o contrato de concessão da Rodovia Fernão Dias (BR-381),
vital ligação entre São Paulo e Belo Horizonte. O novo acordo prevê a renovação do contrato por mais 15 anos, com um
impressionante montante de R$ 15 bilhões em investimentos,
e a realização de um processo competitivo para a troca de controle da atual
concessionária, a Autopista Fernão Dias S.A.
A decisão marca o fim de anos de
impasses contratuais e busca reestruturar um dos principais corredores
logísticos do Brasil, que atualmente registra um fluxo diário de aproximadamente
250 mil veículos. A Rodovia Fernão Dias é um eixo
crucial que, além de conectar as duas capitais, atravessa 17 municípios do Sul
de Minas Gerais, impactando diretamente a economia e a mobilidade da região.
Investimentos
Robustos e Ambições para a Rodovia
O plano detalhado contempla R$ 9,47 bilhões em investimentos diretos em obras, com
foco principal na recuperação do pavimento e na ampliação da rodovia. Desse
total, cerca de R$ 3 bilhões serão aplicados nos primeiros três anos
de contrato, evidenciando a urgência das melhorias. Além disso, R$ 5,3 bilhões estão destinados a despesas
operacionais.
Conforme o Ministério
dos Transportes, o contrato, válido até 2040, promete um ciclo de
obras robusto ao longo dos próximos 10 anos. Estão previstos:
·
108 km de faixas adicionais
·
14 km de vias marginais
·
9 km de correções de traçado
·
29 passarelas
·
17 interseções otimizadas
·
62 melhorias de acesso
·
Seis passagens de fauna
·
Duas áreas de escape
·
Construção de novos túneis
A expectativa é que a modernização da
Fernão Dias gere mais de 137 mil empregos (diretos,
indiretos e por efeito-renda) ao longo de todo o período da concessão,
impulsionando o desenvolvimento regional. Atualmente, apenas 53% da rodovia possui pavimento classificado como
“bom”, número bem abaixo da média nacional de rodovias concedidas (82%), o que
justifica a urgência das intervenções.
Novo Prazo,
Reajustes Tarifários e Troca de Concessionária
O contrato será modernizado com um novo prazo de 15 anos, somando os sete anos restantes
do acordo original a um acréscimo de oito anos. Essa extensão foi considerada
essencial para garantir a viabilidade financeira do projeto e alinhar o ciclo
de obras de dez anos com um período adicional de cinco anos para o cumprimento
de obrigações financeiras.
O novo modelo prevê três reajustes tarifários nos primeiros três anos,
condicionados à entrega das obras: 40%, 80% e 27,69%. Isso resultaria em
tarifas de pedágio de aproximadamente R$ 3,80, R$ 6,90 e R$ 8,70
(valores de março de 2023). Mesmo com esses aumentos, a tarifa quilométrica
média da Fernão Dias seguirá abaixo da média das concessões federais.
Importante ressaltar que a empresa só poderá aplicar os reajustes se cumprir ao menos 90% das metas previstas.
Uma das inovações mais significativas
é a previsão de um processo competitivo para a troca de controle
da concessionária. O modelo, que segue o padrão dos leilões da 5ª
etapa do programa federal de concessões, será conduzido pela Agência Nacional
de Transportes Terrestres (ANTT). O valor de venda da empresa foi definido em R$ 295 milhões, já considerando descontos de dívidas e
renúncias judiciais que totalizam mais de R$ 431 milhões.
De acordo com o Ministério dos
Transportes, a definição do novo operador da concessão será feita por meio de
leilão, previsto para 2025. A atual concessionária, Arteris
Fernão Dias, terá a oportunidade de apresentar proposta, mas será substituída
caso não ofereça a melhor oferta conforme os critérios do edital.
Benefícios
Esperados e Críticas à Proposta
O TCU aponta que o
novo modelo elimina pendências judiciais e administrativas, proporcionando
maior estabilidade ao setor. A expectativa é que a modernização da rodovia gere
cerca de 62 mil empregos (51 mil na construção civil) somente
nos três primeiros anos, aumente em R$ 2,8 bilhões a arrecadação de
ICMS e proporcione ganhos anuais de R$ 1,5 bilhão com a
redução de acidentes, tempo de viagem e emissões de CO₂.
A Fernão Dias é a terceira concessão
a ser repactuada dentro do programa de otimização conduzido pelo Ministério dos
Transportes. Para 2025, estão previstos 16 leilões rodoviários, abrangendo
8.360 km de estradas federais e movimentando R$ 186 bilhões em investimentos,
dos quais R$ 39 bilhões se referem a contratos otimizados.
Apesar da aprovação, a proposta não
foi isenta de críticas. O Ministério Público junto ao TCU
se manifestou contra o acordo, alegando falta de maturidade técnica
e excesso de influência da atual concessionária. O
relator do processo, ministro Bruno Dantas, reconheceu
falhas nos estudos iniciais, mas salientou que o trabalho da comissão técnica
resultou na redução dos custos previstos em 35,9%, tornando o contrato
financeiramente viável.
O TCU, por fim, determinou que o Ministério
dos Transportes aprimore seus processos de planejamento e análise para evitar
problemas semelhantes em futuras concessões, garantindo maior rigor e
transparência.