Empresas não executavam serviços e dinheiro era desviado, diz Polícia Federal - ALÔ ALÔ CIDADE

Empresas não executavam serviços e dinheiro era desviado, diz Polícia Federal

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17/12/2013 17h30 - Atualizado em 17/12/2013 21:25                           

Ao todo, 33 mandados de prisão foram cumpridos no Sul de Minas, SP e DF.
Investigação aponta fraudes; foco se concentrou em Três Corações (MG).

Pelo menos 33 mandados de prisão foram cumpridos pela Polícia Federal em três cidades do Sul de Minas nesta terça-feira (17) com o objetivo de desarticular uma organização que desviava recursos públicos a partir de fraudes em processos licitatórios. Segundo a investigação, empresas eram contratadas pela Prefeitura de Três Corações (MG) por meio de licitação, mas não executavam o serviço e a verba do contrato era desviada.
 
A rede de corrupção teria agido durante a administração do ex-prefeito de Três Corações, Fausto Ximenes (PSDB), que cumpriu mandato de 2009 a 2012. Entre os presos e conduzidos, segundo a PF, estão 12 secretários do mandato anterior, o vice da administração passada, Sergio Auad (DEM), e o presidente da Câmara de Três Corações, Altair Nogueira (PPS). A Polícia Federal também tem um mandado de prisão contra o ex-prefeito Ximenes, que até o final da tarde ainda não havia sido encontrado.



O esquema, segundo a PF, tinha como objetivo o enriquecimento ilícito dos gestores da prefeitura e empresários. Com o desvio de recursos, muitos serviços básicos da prefeitura deixaram de ser executados. "A prefeitura usava recursos para comprar medicamentos, por exemplo, superfaturava o valor de compra, mas o dinheiro era entregue para a empresa que fazia parte do esquema e que não fornecia o produto. Portanto, o medicamento que seria distribuído de forma gratuita pela administração não era entregue", afirma o chefe da Polícia Federal de Varginha João Carlos Girotto.

Fraude em processo de licitação
Ainda de acordo com Girotto, alguns requisitos do processo de licitação eram alterados para que empresas que não poderiam participar fossem contratadas. "Por exemplo, algumas das empresas tinham dívidas com a União, ou com o Estado, e não tinham a Certidão Negativa de Débito. Aí esse requisito era retirado do processo de licitação para que a empresa envolvida no esquema pudesse participar e ganhar o contrato", afirma.



Operação Metástase 57 Ao todo devem ser cumpridos 37 mandados de prisão temporária pela Polícia Federal. Os quatro suspeitos que não foram localizados serão considerados foragidos se não se apresentarem até o final da operação. Também foram cumpridos 18 mandados de conduções coercitivas, onde os detidos prestaram depoimentos e foram liberados, e 73 mandados de busca e apreensão em diversos pontos nas cidades de Três Corações, Lavras (MG), Varginha (MG), Brasília (DF), Franca (SP) e Belo Horizonte (MG).



Ainda segundo a PF, cerca de R$ 800 mil foram apreendidos na operação, R$ 500 mil deles em uma empresa de Belo Horizonte que participava do esquema. Ainda foram apreendidos cheques, computadores, documentos e contratos.
A operação, chamada de "Metástase 57", faz referência à proliferação da corrupção, e 57 é o número do prédio da Prefeitura de Três Corações. Nesta terça-feira (17), 350 policiais federais e 27 auditores fiscais participaram da operação.
Os 33 políticos, servidores e empresários detidos durante a operação ficarão presos por cinco dias, podendo ser prorrogada a prisão por mais cinco dias. Eles foram encaminhados para o Presídio de Três Corações e podem responder por formação de quadrilha, falsidade ideológica e crime da lei de licitações. Numa segunda etapa da investigação, eles ainda podem responder por lavagem de dinheiro.



O Caso:
Polícia Federal prende políticos por fraudes em obras em Três Corações, MG 


Leia mais em: G1
Foto reprodução vídeo: G1