Pessoas com a síndrome terão acesso a políticas públicas específicas, como cotas em concursos e isenção de impostos na compra de veículos
A partir
de janeiro de 2026, pessoas com
fibromialgia serão oficialmente consideradas Pessoas com Deficiência (PcD)
em todo o Brasil. A Lei 15.176, de 2025,
sancionada sem vetos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na última
quarta-feira (23) e publicada no Diário Oficial da União nesta quinta (24),
garante a equiparação e o acesso a políticas públicas específicas. A norma
entrará em vigor em 180 dias após sua publicação.
Com a
nova legislação, indivíduos com fibromialgia poderão usufruir de benefícios
como cotas em concursos públicos e isenção de IPI na compra de veículos,
entre outras garantias destinadas a pessoas com deficiência. Para a
equiparação, será exigida a avaliação de cada caso por uma
equipe multidisciplinar, composta por médicos e psicólogos, que
deverá atestar a limitação da pessoa no desempenho de atividades e na
participação social em igualdade com as demais.
A Lei 15.176 altera a Lei 14.705, de 2023,
que já estabelecia diretrizes para o tratamento de pessoas com síndromes de
fibromialgia, fadiga crônica e dor regional pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O projeto de lei que deu origem à nova legislação (PL 3.010/2019) foi proposto
pelo ex-deputado Dr. Leonardo (MT) e aprovado no Senado em 2 de julho, com
relatoria do senador Fabiano Contarato (PT-ES). Embora algumas unidades da
federação, como o Distrito Federal, já tivessem aprovado normas semelhantes, a
Lei 15.176 unifica a prática em nível nacional, garantindo os direitos de forma
padronizada em todo o país.
Entenda a Fibromialgia:
Impactos e Tratamentos
A
fibromialgia é uma síndrome de origem desconhecida, caracterizada por dores crônicas generalizadas,
principalmente nos músculos e tendões. Além da dor, a condição provoca fadiga, distúrbios do sono, ansiedade,
alterações de memória e atenção, cansaço excessivo e depressão. De
acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), cerca de 3% da população brasileira é
afetada pela fibromialgia, sendo a maioria mulheres (sete a nove a cada
dez pacientes), embora também possa acometer homens, idosos,
adolescentes e crianças.
O preconceito contra pessoas com fibromialgia é comum devido à
falta de conhecimento sobre a doença. Por isso, é fundamental esclarecer alguns
pontos:
·
Causas e Início: A síndrome pode se manifestar após eventos graves como traumas
físicos ou psicológicos, ou infecções. Embora a causa exata seja desconhecida,
suspeita-se de fatores genéticos, neurológicos, psicológicos ou imunológicos.
·
Impacto na Qualidade de Vida: A dor é o sintoma predominante, reduzindo
significativamente a qualidade de vida e a capacidade de realizar atividades
diárias.
·
Diagnóstico: O diagnóstico é clínico, feito por
um médico reumatologista por meio de conversa e avaliação dos sintomas, sem a
necessidade de exames complementares que confirmem ou excluam a doença.
·
Diferença da Artrite: A fibromialgia não causa inflamação ou danos aos músculos,
tecidos, articulações ou órgãos, diferentemente de outras doenças reumáticas
como a artrite. No entanto, é possível que ambas atuem de forma associada.
·
Não tem Cura, mas tem Controle: A fibromialgia não tem cura e não avança
ao longo dos anos, mas sem tratamento, pode evoluir para incapacidade física e
limitação funcional.
·
Tratamento Essencial: O tratamento adequado é crucial para controlar os sintomas e
proporcionar qualidade de vida. Ele envolve o uso de medicamentos e terapias
complementares, como fisioterapia e acupuntura.
·
Atividade Física: A prática regular de exercícios é uma grande aliada, promovendo
ganho de força muscular, relaxamento corporal, alívio das dores, redução da
fadiga e melhora do sono.
·
Alimentação: Embora não haja uma dieta específica, a exclusão de alimentos
inflamatórios (como glúten e ultraprocessados) pode ajudar a aliviar os
sintomas.
·
Impacto Psicológico: A síndrome não causa morte ou danos graves como paralisia ou
deformidade, mas pode levar a problemas psicológicos e físicos que afetam
diretamente a vida pessoal e profissional. Por isso, a terapia psicológica é
indicada para ajudar o paciente a lidar com os desafios. Técnicas de
relaxamento e respiração também são recomendadas para aliviar a dor, depressão
e insônia.
O Sistema
Único de Saúde (SUS) oferece atendimento amplo e integral
à pessoa com fibromialgia em todos os níveis de atenção. Na atenção básica, são
ofertados cuidados clínicos por equipe multiprofissional, incluindo
acolhimento, avaliação, acompanhamento longitudinal, tratamento com práticas
integrativas e complementares, analgesia medicamentosa e não medicamentosa,
fisioterapia e acupuntura. Na atenção especializada, são disponibilizadas
consultas com reumatologistas e outros profissionais de saúde, além de
reabilitação física, abrangendo promoção e proteção da saúde, prevenção de
agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos e manutenção
da saúde.