Hepatites Virais: a importância do diagnóstico precoce e do tratamento acessível em Minas Gerais - ALÔ ALÔ CIDADE

Hepatites Virais: a importância do diagnóstico precoce e do tratamento acessível em Minas Gerais

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Casos de hepatite C e A aumentam, reforçando o alerta para testagem e prevenção


Hepatites Virais: a importância do diagnóstico precoce e do tratamento acessível em Minas Gerais - Foto: Carol Souza

Ismael Henrique, de 57 anos, vive uma vida normal e saudável hoje, mas seu caminho foi marcado por um diagnóstico inesperado. "Minhas pernas ficaram inchadas no fim do dia. Busquei atendimento médico, fiz exames e recebi o diagnóstico de hepatite B", conta Ismael, que descobriu a doença em 2000. Desde então, ele segue um tratamento contínuo com medicamentos fornecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). "Eu não tenho condições de pagar por esses medicamentos. Recebê-los gratuitamente, a cada três meses, é fundamental para a minha vida", afirma.


As hepatites virais são infecções que afetam o fígado e, muitas vezes, não apresentam sintomas. Para Mayara Marques, coordenadora de IST/Aids e Hepatites Virais da SES-MG, o diagnóstico precoce continua sendo um desafio crucial. "A maioria das pessoas infectadas não apresenta sinais da doença. Por isso, a testagem é fundamental. Toda pessoa deve ser testada pelo menos uma vez na vida para hepatites B e C", explica a coordenadora.

 

Teste e tratamento: Caminhos para a cura e a qualidade de vida


Os testes rápidos para hepatites B e C estão disponíveis gratuitamente nas unidades de saúde em todo o estado. Para as hepatites A, D e E, são realizados exames sorológicos específicos. Após a confirmação do diagnóstico, o paciente é encaminhado ao Serviço de Atendimento Especializado (SAE)/Unidade Dispensadora de Medicamentos (UDM). Minas Gerais conta com 75 unidades de atendimento com equipes qualificadas para solicitar exames complementares e iniciar o tratamento com medicamentos fornecidos pelo SUS.


Williane Mendes, farmacêutica e referência técnica da SES-MG, explica que o Ministério da Saúde é responsável pela aquisição dos medicamentos, que são repassados aos estados e ao Distrito Federal. A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, por sua vez, distribui os itens aos municípios por meio das Regionais de Saúde. "Esses medicamentos fazem parte do Componente Estratégico da Assistência Farmacêutica. O paciente pode iniciar o tratamento com o protocolo definido, após apresentar exames e documentação em uma UDM", afirma Williane.

 

Os riscos da cronicidade e o aumento dos casos em Minas


A infectologista da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, Cíntia Parenti, reforça a urgência de identificar a doença o quanto antes para o início oportuno do tratamento. "As hepatites B e C podem se tornar infecções crônicas. Ou seja, o vírus pode permanecer por mais de seis meses no fígado da pessoa e, se não tratado, o quadro pode evoluir para cirrose ou câncer de fígado", alerta Cíntia. Ela acrescenta que a hepatite C, por exemplo, tem taxas de cura superiores a 95% quando o tratamento é iniciado no tempo certo.


A situação em Minas Gerais destaca a importância da prevenção. Após a pandemia de Covid-19, houve um aumento no número de casos de hepatite C, passando de 1.095 em 2023 para 1.241 em 2024. A hepatite A também apresentou crescimento expressivo, com 38 casos em 2023, 211 em 2024 e 282 em 2025. Cíntia Parenti alerta que o aumento dos casos de hepatite A está relacionado à transmissão por relação sexual, principalmente a oral-anal. "Por isso, é essencial o uso de preservativos e a higienização correta das mãos e da região genital", orienta.


Cíntia Parenti​ - Foto: Carol Souza

Prevenção: Vacinação e hábitos saudáveis são essenciais


A vacina contra hepatite B está disponível para todas as faixas etárias. A vacina contra hepatite A integra o calendário infantil e também pode ser aplicada em pessoas com condições especiais de saúde nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE). Mayara Marques complementa: "É importante destacarmos que os usuários da PrEP (profilaxia pré-exposição ao HIV) também têm acesso à vacina contra hepatite A”. Em 2025, a cobertura vacinal em Minas Gerais foi de 91,53% para hepatite A e de 87,20% para hepatite B em menores de 1 ano, aproximando-se da meta do Ministério da Saúde de 95%.


Outras formas de prevenção incluem não compartilhar objetos cortantes ou perfurantes, como agulhas e alicates, e garantir que materiais utilizados em salões e consultórios estejam esterilizados.

Hepatites Virais: a importância do diagnóstico precoce e do tratamento acessível em Minas Gerais - Foto: Carol Souza

O caso de Ismael Henrique é um testemunho de como a testagem e o acesso ao tratamento adequado podem garantir qualidade de vida. "No início, precisei separar objetos de uso pessoal. Hoje, com o tratamento certo, não há mais essa necessidade. Fazer o teste pode salvar vidas", conclui.


Para mais informações sobre o acesso aos medicamentos, acesse o site da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais: https://www.saude.mg.gov.br/obtermedicamentos/cesaf/.

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