Delegado diz que professor morto agiu como um criminoso em fuga - ALÔ ALÔ CIDADE

Delegado diz que professor morto agiu como um criminoso em fuga

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Testemunha diz que vítima foi feita refém por assaltantes em Itamonte, MG.
Polícia ainda investiga se o morador da região tinha ligação com quadrilha. 

24/02/2014 21:21
O delegado João Eusébio Cruz, de Pouso Alegre, que cuida da investigação sobre a troca de tiros que terminou com a morte de nove pessoas em Itamonte, inclusive a do professor Silmar Madeira, de 31 anos, informou que o caso deve ser apurado com cuidado e que a situação precisa ser averiguada.  “Ele agiu como um dos criminosos. Silmar estava acompanhado de um assaltante armado, no mesmo local em que a quadrilha estava, na mesma rota de fuga, nas mesmas circunstâncias, em alta velocidade. Então, é discutível se ele está ou não inserido nesta situação, o que será estudado. Por isso temos equipes em campo, para levantar o maior número possível de informações no sentido de elucidar essa dúvida”, disse.

O professor foi morto durante a madrugada de sábado (22). O confronto deixou os moradores da cidade de 15 mil habitantes apavorados. Cerca de 200 policiais civis e militares de São Paulo e Minas Gerais surpreenderam uma quadrilha de 20 assaltantes especializada na explosão de caixas eletrônicos, que já havia explodido uma agência na cidade. Nove pessoas morreram na hora e cinco ficaram feridas, entre elas, três policiais civis.

''É discutível se ele está ou não inserido nesta situação" João Eusébio delegado

No meio da intensa troca de tiros, testemunhas disseram que Silmar Madeira teria sido rendido por um dos criminosos em fuga que tomou o carro dele e o fez refém. Os dois foram baleados no confronto quando passavam pela BR-354, em uma das saídas de Itamonte para o Rio de Janeiro RJ. A mãe do professor disse que na hora do tiroteio o filho tinha saído da casa da namorada e retornava para a cidade de Itanhandu onde morava, que fica a 15 quilômetros.

Silmar foi encontrado morto com quatro perfurações nas costas, do lado de fora do carro que dirigia, um veículo que foi emprestado por um amigo. Dentro do veículo a polícia encontrou os documentos do professor. No banco do passageiro, foi encontrado um suspeito de pertencer a quadrilha que usava touca, luvas e colete à prova de balas.

Polícia investiga morte de professorSilmar Madeira em Itamonte (MG) (Foto: Reprodução / EPTV)
Polícia investiga morte de professor Silmar Madeira em Itamonte (MG) (Foto: Reprodução / EPTV)
A assessoria de comunicação da Polícia Civil de Minas Gerais afirmou que está investigando o caso e que fará um levantamento total das informações com todos os dados da vítima. Essa apuração será imediata. Existe uma força tarefa da polícia para investigar o envolvimento do professor no caso. A polícia também deve ouvir os familiares de Silmar Madeira. Questionada, a assessoria não disse o que pode acontecer caso fique comprovado que o professor seria inocente.

‘No local errado, na hora errada’
“Ele estava no local errado, na hora errada”, disse o irmão da vítima, Geovani Antônio Alves Madeira. “Como uma pessoa simples, de uma cidade do interior, estaria no meio desses bandidos? Todos eles estavam em carros potentes e novos, estavam bem armados, com coletes à prova de balas. Ele era o único que não usava máscara e nem luvas e estava em um carro velho. Provavelmente ele foi feito refém”, completou.

A mãe do professor, Adélia Madeira, também lamentou. “Meu filho não é bandido. Ele nunca carregou nenhum tipo de arma. Ele sempre vai para lá e eu digo para ele ter cuidado na estrada. Ele tinha medo de ir sozinho e na hora do crime tinha saído da casa da namorada. Eles pegaram ele no caminho”, desabafou.

Um morador de Itamonte, o empresário Renato Azevedo, viu quando o professor foi abordado. “Ele estava passando e veio uma pessoa correndo, abordou ele no carro, chutou o carro, pediu para o motorista abrir, entrou e gritou para ele andar, tocar o carro. Em seguida eles foram embora  e eu só ouvi os barulho, os tiros”, disse.

Diante da situação, a cunhada de Silmar, Valéria Madeira  condena a ação policial. “Ele foi refém dessa tragédia. Não acredito mais na Justiça. Quero apenas que ele seja enterrado como um homem limpo, como sempre foi”.

O professor dava aulas de técnicas em segurança do trabalho e também coordenava o curso técnico no Educandário São Francisco de Assis em Itamonte há 8 anos. Durante o dia ele trabalhava em Passa Quatro (MG) em uma empresa também de segurança do trabalho. Ele morava com os pais em Itanhandu e segundo os amigos, era muito querido e respeitado pelos alunos.

De acordo com a família, ele namorava há pouco tempo e a atual companheira não era conhecida pelos familiares. Ela vivia em Itamonte. O professor deixou duas filhas, uma de 6 anos e outra de 6 meses. Durante esta segunda-feira (24), os alunos não foram à escola.

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