Com risco de colapso, moradores sofrem com falta de água em MG - ALÔ ALÔ CIDADE

Com risco de colapso, moradores sofrem com falta de água em MG

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Campanha corre risco iminente de colapso e água já falta em casas.
Usuários de São João da Mata passam por racionamento e lei de economia

25/01/2015 12:49
Em Campanha, falta água em quase todos os bairros - Foto: Alô Alô Cidade

Na casa de Ana Maria Amarante, o registro de água está parado há cerca de uma semana. Ela mora em Campanha MG, uma das 61 cidades citadas pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) que correm risco iminente de colapso no abastecimento de água. Já a comerciante Dalva Maria Borges armazena água em um tambor desde que a Prefeitura de São João da Mata MG declarou racionamento para manter o abastecimento de água. Nas duas cidades, moradores enfrentam todos os dias o risco de que a água pare de sair da torneira e buscam maneiras de economizar para que não falte de vez.
Na casa de Ana Maria Amarante, o registro de água está parado há cerca de uma semana - Foto: Alô Alô Cidade
Pode faltar água em Campanha
Ana Maria só não ficou sem água de todo porque a caixa dela foi abastecida por um caminhão-pipa. O destino seria o hospital de Campanha, mas a dona de casa teve que pedir um pouco de água. "Eu pedi o caminhão da Copasa que estava na cidade para abastecer o hospital, sobrou um pouquinho, e aí eu pedi para eles colocarem um pouco na minha casa, porque eu tenho minha mãe que está com cirurgia e não tinha como ficar sem água", conta.
Na casa da aposentada Mirna Wysocki, a água até veio, mas só de madrugada. "Não é a primeira vez, são várias as vezes que fica sem água. Ela vem, desce duas vezes na semana, e assim mesmo uma hora, só um 'fiozinho' de nada. Estou pegando água até 2h."
Dona de casa tem que pegar água de madrugada para abastecer casa em Campanha, MG (Foto: Devanir Gino / EPTV)
Dona de casa tem que pegar água de madrugada para abastecer casa em Campanha, MG (Foto: Devanir Gino / EPTV)

Em um lava-jato que funciona na cidade, a alternativa foi furar uma cisterna, só que a água não dura muito tempo. Com a falta, o dono está tendo que dispensar clientes. "Nos fins de semana, eu lavava 30 carros, agora a gente passou a lavar de sete a 10 carros, não passa disso. Não tem água", conta Elias Vitor Arantes.
Cisterna no lava jato - Foto: Alô Alô Cidade

No lava-jato do Elias, a alternativa foi furar uma cisterna, só que a água não dura muito tempo - Fotos: Alô Alô Cidade




Em outra parte da cidade, Rossana Gonçalves diz que chegou até a pedir pra Copasa deixar água em um antigo reservatório que está desativado. "Já tem encanamento, tem tudo certinho, dá para usar, e aí pelo menos a gente dá a descarga, lava a roupa, limpa a casa", relata. A Copasa informou que vai analisar a viabilidade da utilização do reservatório.
Rossana Gonçalves diz que chegou até a pedir pra Copasa deixar água em um antigo reservatório que está desativado - Foto: Alô Alô Cidade

Essas situações têm acontecido em praticamente todos os bairros de Campanha. A cidade é uma das 61 em Minas Gerais que a Copasa declarou risco iminente de colapso, ou seja, onde a fonte de captação de água pode secar a qualquer momento.
Sem água, até os banheiros da rodoviária chegaram a ser trancados. "É difícil, porque o pessoal está no ônibus 'né', às vezes desce só pra ir no banheiro, então fica complicado para a cidade. Os dois banheiros estavam interditados", conta o taxista José Antônio Alves.
Sem água, até os banheiros da rodoviária chegaram a ser trancados, conta o taxista José Antônio Alves -
Foto: Alô Alô Cidade

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Além de Campanha, outras 10 cidades do Sul de Minas correm o risco de ficar desabastecidas. São elas: Cachoeira de Minas, Campos Gerais, Candeias, Cristais, Itamonte, Lavras, Piranguçu, Piranguinho, São José da Barra e São Tiago. Já em outros 22 municípios do Estado, entre eles São Gonçalo do Sapucaí, Nazareno e Divisa Nova, a Copasa diz que os mananciais estão sendo aproveitados além da capacidade.

Racionamento em São João da Mata
Na pequena cidade de São João da Mata, com seus 2,8 mil habitantes, os moradores dependem da água que vem de duas fontes para manter o abastecimento e já convivem com o racionamento desde o início do ano passado. Atualmente, mesmo com as chuvas dos últimos dias, a captação na cidade está 75% menor e durante oito horas por dia o fornecimento é suspenso.

Ao lado da máquina de lavar roupas, a comerciante Dalva colocou um tambor e toda a água que descia pelo ralo agora é armazenada e reutilizada para limpar a casa. A medida foi tomada logo após o racionamento. "Antigamente eu não preocupava com isso. Eu acho que já ajuda [a economia], mas eu acho que o problema é bem sério mesmo e cada um tem que fazer a sua parte."
No salão da Raquel D'Ávila Cipriano, a regra também é economizar. "As [clientes] que vêm fazer escova, a gente pede para já vir com o cabelo lavado, as que vêm fazer penteado já vêm com ele lavado para não precisar usar a água do salão", conta.
Moradora de São João da Mata reserva água em um tambor para uso (Foto: Carlos Cazelato / EPTV)
Moradora de São João da Mata reserva água em um tambor para uso (Foto: Carlos Cazelato / EPTV)
Depois de ter o fornecimento de água reduzido de 40 mil para 10 mil litros por hora, foi decretado o racionamento de água em São João da Mata, mas mesmo com o corte no fornecimento por cerca de oito horas, o volume de água que chega na estação de tratamento não é suficiente para encher os reservatórios. "O volume captado não dá para distribuir água o tempo todo para a população. Então há uma interrupção às 10h com retorno às 18h. Mas a gente não consegue fazer o tratamento se os tanques não tiverem um volume de água", explica a secretária de Meio Ambiente, Eliete Borges Fernandes Ferraz.
São João da Mata passa por racionamento de água (Foto: Carlos Cazelato / EPTV)
São João da Mata passa por racionamento de água
(Foto: Carlos Cazelato / EPTV)
Preocupada com a falta de água na cidade, a prefeitura reativou um poço artesiano instalado no ano 2000, mas só o racionamento pode não resolver o problema. Segundo a Secretaria de Meio Ambiente, muitas pessoas continuam desperdiçando água e lavando carros e calçadas, apesar da lei que já existe na cidade. Desde janeiro do ano passado, é proibido o uso da água tratada para lavar carros e calçadas na cidade, e quem desobedecer a lei, será advertido. No caso de reincidência, o morador pagará uma multa equivalente a três vezes o valor do imóvel.
A secretária diz ainda que se não chover em breve, o racionamento de água na cidade será maior ainda. "A gente tem feito conscientização, tem feito trabalho de orientação, mas ainda existe alguma resistência. E não tem outro jeito, vai diminuir cada vez mais o período de abastecimento e distribuição de água", afirma Eliete.

Colapso no abastecimento na região
Pelo menos 11 cidades do Sul de Minas atendidas pela Companhia de Saneamento Básico de Minas Gerais (Copasa) estão sob risco de sofrerem um colapso no abastecimento de água. O levantamento foi divulgado pela concessionária nesta sexta-feira (23), um dia depois de admitir que o Estado vive uma crise hídrica, e medidas de restrição de consumo podem ser tomadas. Já a Coordenadoria de Defesa Civil de Minas Gerais informou que 26 municípios da região estão em estado de emergência e já adotam medidas de economia para evitar uma crise no abastecimento de água. O Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Sapucaí apontou ainda outras três cidades com necessidade de intervenção imediata para evitar uma crise.

Fotos:




Informações: COPASA
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