FIZ-ME AMIGO, PARA GANHAR OS CORAÇÕES PARA CRISTO
Mensagem aos queridos Campanhenses
25/11/2013 00:48
Por Pe. Bruno César.
Por Pe. Bruno César.
Meus queridos irmãos, cheio de emoção, deixo sair do coração o sentimento mais profundo que experimento neste momento, exprimindo, mesmo diante da pobreza e limitação das palavras, a mais sincera gratidão ao povo Campanhense, que me acolheu no início do meu ministério diaconal e presbiteral, e para o qual pude oferecer as primícias do meu sacerdócio.
![]() |
Pe. Bruno/Foto arquivo pessoal |
Seis anos e meio se passaram... Cheguei aqui em abril de 2007, quando já comecei a trabalhar no Seminário Diocesano. Apresentei-me ao Pe. Vicente, que era pároco e ele já deu-me uma missão que naquele momento fez-me estremecer: pregar no primeiro dia da Trezena de Santo Antônio, tarefa nada fácil para alguém que nem diácono era ainda, diante de uma assembléia tão especial e marcada pelos ricos sermões que sempre se proferiram na Catedral... Enfrentei o desafio e, depois dele, os outros tornaram-se mais brandos...
Iniciando o ano de 2008, com a transferência do Pe. Vicente, assumiu a paróquia o Pe. Marquinho, de quem já era amigo, uma vez que somos conterrâneos e convivemos no seminário, em Pouso Alegre. Assumimos um grande desafio juntos, na condução da comunidade paroquial. Entre nós nunca houve expressões como: “Eu sou o pároco!” ou ainda, “isso não é minha atribuição, pois sou vigário paroquial!” Diria que partilhamos das mesmas funções, numa solidariedade e cooperação pastoral, que chegavam a se confundir os papéis.
Pe. Bruno/Foto arquivo pessoal
Sem dúvida, esta cumplicidade fez dar tão certo a nossa equipe presbiteral que, somada à experiência e muitas virtudes do querido Monsenhor José Hugo foi ainda mais enriquecida, sem contar a presença significativa do Ir. Gaetan. Neste trabalho provamos muitas alegrias e também da dureza do caminho, mas configurados ao Cristo Crucificado, não nos faltou jamais a esperança da Ressurreição e a certeza de sermos nós, cooperadores, instrumentos de Deus: se a Igreja e a missão de evangelizar são de Deus, então nós somos nada mais que instrumentos d`Ele: é Deus que faz acontecer o seu projeto, independente dos nossos méritos ou dons. Aliás, na Palavra de Deus se lê que “um é o que semeia, outro o que rega... mas é Deus quem faz crescer!” (1 Cor 3, 6), de modo que nem um, nem outro tenha mérito, pois importante é o que faz crescer a planta.
Graças a Deus este tempo foi frutuoso e Ele se utilizou de nós. Agradeço a Deus pelo benefício que trouxe à cidade da Campanha o Encontro de Casais com Cristo, bem como o Encontro de Adolescentes e Jovens, sem contar as Pastorais, Movimentos e Associações que pudemos animar. Obra de Deus e nós, padres, não fizemos nada mais do que a nossa obrigação, como servos inúteis (Lc 17, 10).
Pe. Bruno/Foto arquivo pessoal
Agora, a Igreja solicita-me que prossiga o caminho, e vá pastorear outras ovelhas, em outro lugar. Jesus nunca parou, esteve sempre em movimento, deixando-se guiar pelo dinamismo do Espírito, indo aqui e ali para anunciar o Reino de Deus. Servir ao Reino exige sair da zona de conforto... O discípulo não pode fixar-se, mas deve caminhar. Confesso que não é fácil, pois criamos laços. As pessoas se relacionam e estabelecem amizades, e essa dificuldade mais ainda se acentua quando nestes relacionamentos existe amor... Ah, foi o amor de Cristo que nos uniu! Nem imaginávamos nos conhecer, mas Deus quis que nossas estradas se encontrassem, e hoje posso dizer: fiz-me um campanhense, para ganhar os campanhenses para Cristo. Mais: Deus, em sua fidelidade, garantiu que quem deixasse sua família, sua casa, pai, mãe, irmãos por causa d`Ele ganharia cem vezes mais (Mc 10, 29)... Pura verdade! Nas muitas casas e famílias que visitei senti-me de casa... Novos parentes: pais, mães, avôs, avós, irmãos... Amigos!
Encerrando os trabalhos pastorais em Campanha, ouvi de várias pessoas: “Padre, não quero nem saber dessa missa de despedida!” Diria que eu também não! Não quero despedir, pois sei que os laços que criamos não deixarão de existir, pois nossa amizade não nasceu em qualquer lugar, mas no coração de Deus.
Pe. Marco/Pe. Bruno/Foto arquivo pessoal
É hora de partir... Iniciar um novo trabalho em um novo lugar. Vou com o coração agradecido a Deus e ao povo da Campanha, pois os sonhos que o Senhor colocou em meu coração eu consegui realizar, com a ajuda daqueles todos que estavam ao meu lado: o amigo e companheiro de missão, Pe. Marquinho, com o qual dividi horas alegres, divertidas, tristes, tensas e felizes, que me ajudou a iniciar meu ministério e muito enriqueceu minha vida com o seu jeito único de ser, no nosso empenho de ser e fazer o melhor possível pela Paróquia de Santo Antônio... Costumo dizer que se o Pe. Marquinho não existisse, teríamos que inventá-lo... Quantas vezes conseguimos fazer de um problema um motivo de risadas, buscando no bom humor, a leveza tão necessária à vida; o Monsenhor José Hugo, querido amigo, que me ensina a ser padre de um jeito misericordioso e acolhedor, apontando sempre para o modo mais eficaz de levar Jesus, para tocar verdadeiramente os corações: sem falar nada, já nos ensina e falando, dá uma lição incomparável.
Mas cito também aqueles que comigo ousaram iniciar e levar adiante o Encontro de Casais com Cristo: no começo diziam que seria difícil e que não daria certo, devido à estrutura grandiosa do encontro, mas depois se encantaram tanto, que contagiaram muitas outras famílias, em que não só os casais, mas também os adolescentes e jovens, encontrando-se com Cristo, passaram a desejar ser Igreja de um modo mais alegre e comprometido.
Além das outras pastorais e movimentos que acompanhei de perto: a Pastoral Familiar, do Batismo, Catequese, Liturgia... A Irmandade de São Miguel, o Apostolado da Oração e as “Meninas da OVS”, O-velhinhas do Padre, como elas brincam, além da equipe de ornamentação da Catedral e aquelas muitas mãos habilidosas que ofereceram boas alfaias para maior dignidade de nossas celebrações, os festeiros de Santo Antônio, os funcionários da Paróquia e os amigos de toda hora.
É muito bom ser padre! Sou feliz e realizado na minha vocação... E Não preciso nem dizer o quanto me agradou e enriqueceu ser padre nesta cidade, da qual sinto-me parte. Ao dirigir-me para a Paróquia de São Lourenço, Mártir, elevo o meu coração a este santo que, na fidelidade, entregou sua vida por causa de Jesus, bem como ao meu amigo especial, Santo Antônio, suplicando, do céu, muitas graças sobre todos os campanhenses, que seguem em meu coração. Abraço.