Pesquisa da Universidade Federal de Lavras aponta inflação de 16,79%.
Índice seria o mais alto registrado na região nos últimos 19 anos.
Uma pesquisa feita pela Universidade Federal de Lavras (UFLA-MG) revelou que a inflação no Sul de Minas pode fechar o ano com um índice três vezes maior que a registrada no Brasil. Segundo o professor de economia responsável pelo levantamento, Ricardo Reis, o índice acumulado de janeiro a novembro chegou a 16,79%, sendo o maior registrado nos últimos 19 anos na região. Este ano, a meta do Governo Federal é fechar a inflação entre 5,7% e 5,8% no país."O problema está ligado à distribuição", explica Reis. "Ao menos é o que temos identificado [na pesquisa]. Os hortifrutigranjeiros, por exemplo, são abastecidos pelo Ceagesp e o Ceasa de Belo Horizonte (MG), o que representa um custo de transporte muito alto. Além disso, muitos dos nossos produtos e alimentos, como o leite, vão para São Paulo, onde são processados e voltam para o interior, consequentemente pressionando os preços."
Na pesquisa da UFLA, foram avaliados 270 produtos ou serviços que vão do setor imobiliário à educação e saúde. Para o professor Reis, o que elevou tanto a inflação este ano foi a alta dos alimentos, principalmente os derivados do trigo e do leite, registrada em 14,45%.
A inflação é sentida diretamente no bolso do consumidor. O agrônomo Sânio Teixeira, de São Paulo, mora há 10 anos em Lavras (MG). Ele afirma que na hora de ir às compras, a diferença de preços nas duas regiões por causa da inflação pesa no bolso. "A gente percebe essa diferença. Às vezes eu faço as compras do mês lá em São Paulo e trago no ônibus, porque aqui os preços sobem bastante", disse.
O veterinário Antônio de Pádua, de Fortaleza (CE), afirma sentir a mesma diferença. Ele mora há três anos em Lavras e diz que ficou surpreso com o custo de vida na região, bem maior que na cidade cearense.
Em 2014, as expectativas dos especialistas também não são animadoras. Segundo Reis, a inflação dos alimentos deve dar lugar à inflação dos serviços no país. "Para o ano que vem, a previsão é de uma excelente safra, então os preços dos alimentos não devem pressionar a inflação. Mas temos o ano da Copa do Mundo, pressionando os preços dos serviços como transporte, comércio, alimentação, lazer e hospedagem", afirma.
Índices de inflação
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é o responsável pelo indicativo oficial utilizado pelo Governo Federal, que calcula o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A estimativa para este ano da inflação no país é de 5,81%.
Para o especialista em finanças Cássio de Paula, o IPCA é o índice que melhor aponta a inflação real. "Ele é a base para o controle da taxa de juros Selic hoje, que norteia o nosso sistema financeiro. Toda vez que a inflação foge do centro da meta, é necessário acionar a política econômica, alterando a taxa de juros", afirma.
Outros índices importantes são o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que está acumulado, até outubro, em 5,58% no país, e o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), que até novembro fechou em 4,88% nesse ano.
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