Queda de nível do Rio Grande provoca mortandade de peixes - ALÔ ALÔ CIDADE

Queda de nível do Rio Grande provoca mortandade de peixes

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15/01/2014 01:33

Nível do rio está muito abaixo do considerado normal em Ribeirão Vermelho. Produtores rurais e comerciantes da região também estão sendo afetados.

A falta das tradicionais chuvas de começo do ano já começam a ter impacto nos rios que cortam o Sul de Minas. O Rio Grande, em Ribeirão Vermelho (MG), está muito abaixo do nível normal para esta época do ano. Com a falta de água, a oxigenação diminuiu e os peixes estão morrendo ao longo do rio. Na quarta-feira (8), centenas de peixes foram encontrados mortos no leito do rio. No local, foram encontradas espécies de tilápias e dourados.

O Rio Grande nasce na Serra da Mantiqueira, no município de Bocaina de Minas (MG) e deságua no Rio Paraná, na divisa com o estado de São Paulo. Ao longo dele, existem 13 barragens. Nesta época do ano, na barragem de Camargos, por exemplo, era para estar começando a encher por causa do período chuvoso. No entanto, desta vez a situação está bem diferente.

Atualmente, a represa está 903 metros acima do nível do mar, o que corresponde a 22% da capacidade total, que é de 913 metros. Há um ano, ela estava a quatro metros acima do nível atual. Até julho do ano passado, o volume elevou e quase atingiu a capacidade máxima do reservatório, chegando a ficar com 912 metros. De lá para cá, o volume caiu a cada mês e fechou o ano com 904 metros.

A água da Represa de Camargos ajuda a gerar energia nas usinas de Itutinga (MG) e na do Funil, que estão interligadas ao Sistema Energético Nacional. Juntas, elas produzem cerca de 30% da energia gerada em Minas Gerais. Com o volume reduzido, a preocupação agora é com a qualidade da água.

Nível do Rio Grande preocupa produtores e comerciantes de Ribeirão Vermelho (Foto: Reprodução EPTV / Erlei Peixoto)
Nível do Rio Grande preocupa produtores e comerciantes de Ribeirão Vermelho (Foto: Reprodução EPTV / Erlei Peixoto)
"A quantidade de água vai caindo e consequentemente a qualidade também vai diminuindo. A água estando em nível baixo, deixa baixa também a oxigenação, a água fica mais barrenta e dificulta a respiração dos peixes e consequentemente a quantidade deles. Para os produtores rurais fazerem a captação também diminui, visto que o volume do lago está muito baixo e não tem como eles irrigarem a água suja e barrenta para irrigar as lavouras", diz o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Grande, Cláudio Hilton de Oliveira.
Peixes foram encontrados mortos no Rio Grande (Foto: Ana Carolina Zanoli Zegrine)
Peixes foram encontrados mortos no Rio Grande
(Foto: Ana Carolina Zanoli Zegrine)
A falta de água já começa a afetar produtores rurais e comerciantes que vivem do turismo na região. As represas estão cheias de galhos e com muita lama, o que dificulta a navegação. O caseiro Walter Raimundo, que cuida de oito casas de veraneio em Itutinga, diz que a situação tem afastado os turistas.

"É muito triste né. A pessoa vem e volta revoltada porque não sabia que estava desse jeito", comenta o caseiro.

Rio Sapucaí e o Lago de Furnas
No Rio Sapucaí, próximo a Itajubá (MG), o nível está 3,5 metros abaixo do normal. O nível normal do Rio Sapucaí é de 842,5 metros, mas atualmente está em 839 metros. De outubro a março deste ano, são esperados cerca de 1,5 mil milímetros de chuva, mas até agora choveu apenas 350 milímetros, em média. Segundo a Somar Meteorologia, só neste mês de janeiro choveu cerca de 47 milímetros até esta terça-feira (14), quando o esperado era mais de 230 mm.

No Lago de Furnas, onde desaguam as águas do Rio Grande e do Sapucaí e que tem a maior usina de produção de energia elétrica da região, o nível ainda não voltou ao normal depois da grande seca de 2012. Atualmente, o nível da represa está sete metros abaixo da cota máxima.


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