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Seca eleva custos da produção de leite no Sul de Minas

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Estiagem fora de época antecipa tratamento com ração; no Triângulo e no Sul de Minas, captação registrou queda

13/02/2014 12:09
A produção de leite em Minas Gerais já está sofrendo as conseqüências negativas da estiagem prolongada. Além do comprometimento das pastagens, o que obriga produtores a alimentar animais com ração, as altas temperaturas também interferem na produtividade do rebanho. Em algumas regiões, como é o caso do Triângulo Mineiro, pecuaristas já trabalham com racionamento de água.

De acordo com o engenheiro agrônomo, doutor em zootecnia e diretor presidente do grupo Universidade do Leite, José Carlos Peixoto Modesto da Silva, a principal conseqüência da seca é o aumento dos custos para os pecuaristas. "A estiagem prolongada, aliada às altas temperaturas, compromete a qualidade e a oferta de pastagens. Esse fator obriga o pecuarista a fornecer ração para o rebanho, o que onera a produção, que já tem pequena margem de lucro. A queda na oferta e na qualidade da pastagem acontece antecipadamente à época tradicional de seca, que geralmente ocorre a partir de março", observa.

Apesar da queda na captação no Sul e no Triângulo, a média do Estado, em volume de leite, está subindo/Álisson J. Silva


As situações mais graves foram registradas no Sul de Minas e no Triângulo, onde a produção do leite está em queda. De acordo com os dados da Scot Consultoria, mesmo com a redução nas duas regiões produtoras, a oferta de leite a média estadual é crescente e suficiente para que os preços do leite não apresentem alta. A tendência é que a partir de março, a oferta fique mais limitada à demanda, que deve ser ser ampliada após o carnaval.

"Durante janeiro e fevereiro é registrado o pico de produção nas principais regiões produtoras de leite. Apesar da queda na captação no Sul de Minas e no Triângulo, a média do Estado, em relação ao volume de leite, está subindo em um período de demanda fraca. Com isso, o mercado caminha para a estabilidade, mas, para fevereiro, ainda é esperada queda nos preços pagos pelo litro de leite, que deve ficar em torno de 1% menores. Em janeiro, a queda nos preços do leite ficou em torno de 2,5%", disse o zootecnista e consultor da Scot Consultoria, Rafael Ribeiro de Lima Filho.

Segundo o superintendente do Instituto Antonio Ernesto de Salvo (Inaes), da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Pierre Vilela, a seca prolongada acontece no auge da safra de leite e pode promover os preços ao longo do segundo semestre.
"O gado está sofrendo com o calor e a pastagem perdeu a qualidade. Março já entra no processo de seca forte e a conseqüência da estiagem antecipada pode ser na oferta menor no segundo semestre. No ano passado, durante a entressafra, o preço pago pelo litro do leite superou R$ 1,10, como neste ano a situação é mais grave, se a chuva não retomar, poderemos ter uma nova alavancada nos preços de leite", disse Vilela.

Triângulo - A estiagem tem prejudicado significativamente os produtores de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, onde, segundo o presidente da Cooperativa Agropecuária Ltda. de Uberlândia (Calu), Cenyldes Moura Vieira, a captação em fevereiro caiu 10%. Ele frisa que em algumas unidades o abastecimento de água para os animais está comprometido a ponto de produtores terem de fazer racionamento do uso da água.

"As pastagens estão bem comprometidas e os produtores necessitam alimentar o rebanho com ração. Essa situação alavancou os custos e foi necessário um reajuste de 10% nos preços pagos pelo litro, cotado em média a R$ 1,06. A captação está comprometida tanto pela falta do recurso hídrico, como pelo estresse causado aos animais pelas elevadas temperaturas", disse Vieira.


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