A desestruturação do setor energético brasileiro está sendo vista como uma oportunidade de novos negócios para as empresas instaladas no Vale da Eletrônica, em Santa Rita do Sapucaí (Sul do Estado). Com índices pluviométricos muito abaixo do esperado e a possibilidade cada vez maior de desabastecimento, as indústrias eletroeletrônicas do arranjo produtivo local (APL) já iniciaram estudos para a produção de geradores de energia tradicionais e alternativos.
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O APL de Santa Rita do Sapucaí é um dos principais polos de tecnologia do Brasil/Divulgação |
A informação é do presidente do Sindicato das Indústrias de Aparelhos Eletrônicos, Elétricos e Similares do Vale da Eletrônica (Sindvel), Roberto de Souza Pinto. Segundo ele, apesar de a situação ser preocupante, para o setor e para outros segmentos industriais ela pode significar a abertura de um novo mercado.
"O desfecho do mau momento vivido pelo setor elétrico depende da ocorrência - ou não - de chuvas nos próximos 60 dias. Cabe às empresas ficarem atentas às oportunidades que irão surgir, devido ao fato de o país não estar preparado para enfrentar a crise no abastecimento que pode ocorrer", explica.
Nesse sentido, conforme ele, os fabricantes associados ao Sindvel já estão se mobilizando para sair na frente. E uma série de estudos já estão sendo realizados para dar início à produção de geradores no Vale da Eletrônica. "Caso haja a necessidade de racionamento de energia, ou até mesmo um apagão, as empresas, independentemente do ramo de atuação ou do porte, e até mesmo as residências, precisarão de alternativas energéticas, como a geração da própria energia. Por isso, acreditamos que haverá uma demanda para este tipo de equipamento", justifica.
De acordo com Souza Pinto, as empresas estão interessadas em todos os tipos de geradores, sejam eles de energia tradicional ou alternativa, como solar ou eólica. Conforme ele, a aposta no novo segmento poderá, inclusive, impulsionar os negócios das empresas do Sindvel no decorrer deste exercício.
"Ao mesmo tempo em que o aumento do custo da energia onera também os gastos das empresas, essa oportunidade de negócio poderá alavancar a produção local e, conseqüentemente, o faturamento das indústrias do APL neste ano", afirma.
Receita - Em 2013, o faturamento das empresas do polo de Santa Rita do Sapucaí chegou a R$ 2,2 bilhões, o que representou um crescimento de cerca de 10% sobre a receita obtida em 2012. Embora tenha sido positivo, o incremento é considerado modesto quando comparado aos resultados dos últimos oito exercícios, que foram de cerca de 30% ao ano.
Grande parte do desempenho registrado, segundo o presidente da entidade, se deve às exportações, que vêm crescendo a cada ano. As empresas locais enviam produtos para 42 países e o maior mercado consumidor é formado pela América do Sul, América Central e Europa, com boa participação também junto aos países da Ásia.
Santa Rita do Sapucaí é um dos principais polos de tecnologia do Brasil, sendo reconhecido em todo o mundo pelo desenvolvimento e produção de cerca de 13,7 mil itens para setores como os de telecomunicações, segurança, informática, automação e eletromédico. Ao todo, são 150 empresas que empregam cerca de 10 mil pessoas.
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