Hélio dos Santos falou com a Polícia Federal sobre denúncia em fazenda.
Lavrador disse ainda à polícia que foi retirado de Varginha por ex-patrão.
21/05/2014 03:56
O delegado da Polícia Federal de Varginha, João Carlos Girotto,
disse nesta terça-feira (20) que o depoimento do lavrador Hélio dos
Santos confirmou as denúncias de trabalho análogo à escravidão na
fazenda de Paulo Lima. "As afirmações do Hélio confirmam a linha de
investigação da Polícia Federal atestando a prática de dois crimes:
regime escravo e a retirada indevida contra a vontade do Hélio do
hotel", disse Girotto.
A Polícia Federal agia com cautela desde a chegada do lavrador à delegacia em Varginha,
no fim da tarde desta segunda-feira (19). Hélio estava desaparecido
desde agosto do ano passado quando denunciou o ex-patrão Paulo Lima por
trabalho escravo. Ele foi visto pela última vez na Rodoviária de
Varginha acompanhado de um homem que seria o ex-patrão. Durante esses
nove meses a polícia cogitou a possibilidade de sequestro e até o
assassinato do lavrador.
O delegado da Polícia Federal disse ainda que Hélio dos Santos não quis
fazer parte do Programa Nacional de Proteção à Testemunha. O lavrador
já voltou para o Norte de Minas. Na tarde desta terça-feira (20), ele
foi levado em um avião particular para a fazenda onde trabalha. A cidade
não foi revelada para preservar a segurança do trabalhador.
Conforme a Polícia Federal, as investigações sobre o lavrador estão encerradas, mas o fazendeiro Paulo Lima ainda irá responder pelos crimes de redução à condição análoga de escravo e sequestro. O fazendeiro Paulo Lima foi procurado, mas não foi encontrado para falar sobre o assunto.
Chegada à Varginha
O lavrador Hélio dos Santos chegou chegou à sede da Polícia Federal de Varginha na tarde desta segunda-feira (19) escoltado por policiais e usando um colete à prova de balas, onde foi levado rapidamente para uma sala e prestou depoimento.
“O Hélio está bem e não aparenta estar deprimido. Estamos avaliando se ele corre risco de vida. Ele também é nossa testemunha nos dois processos que o fazendeiro Paulo Lima responde, que é o de trabalho escravo e sequestro”, afirmou o delegado.
Por motivo de segurança, a Polícia Federal não revelou qual era o paradeiro de Hélio. A corporação apenas informou que localizou o trabalhador rural sem os documentos pessoais em uma cidade que fica na divisa entre os estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Hélio estava sob responsabilidade do Ministério do Trabalho em Varginha após uma denúncia de que o trabalhador vivia em regime análogo à escravidão. Ele desapareceu após ser retirado do hotel pelo patrão dele, o fazendeiro Paulo Lima.
O trabalhador havia sido visto pela última vez em um dos guichês da rodoviária em Varginha, ao lado de um homem, que seria o fazendeiro Paulo Lima. As imagens de uma câmera de segurança da Guarda Municipal mostravam eles comprando uma passagem em um guichê da rodoviária. Durante esses nove meses, a polícia cogitou a possibilidade de sequestro e até o assassinato do lavrador.
Dono de fazenda preso
O fazendeiro Paulo Alves Lima, de 59 anos, suspeito de manter funcionários em regime de trabalho escravo, já respondeu por aliciamento de trabalhadores e estelionato. Segundo o Ministério do Trabalho, Lima recebeu várias notificações por desobediência às leis trabalhistas. O fazendeiro estava preso desde o dia 23 de agosto no Presídio de Varginha (MG) e foi solto no início de novembro. Ele é suspeito de ser responsável pelo desaparecimento do trabalhador rural Hélio José dos Santos, de 41 anos, que denunciou os maus-tratos ao Ministério do Trabalho.
A polícia teve acesso às imagens que mostram o trabalhador entrando sozinho em um ônibus para Lavras (MG) e, e desde então, a polícia investigava o rumo que ele teria tomado. Nas imagens feitas no dia em que o lavrador desapareceu, dois homens aparecem comprando passagem em frente a um guichê da rodoviária por volta das 13h. Testemunhas que viram o fazendeiro e o lavrador saindo do hotel afirmam que eles usavam roupas idênticas às dos dois homens que aparecem na gravação. Para o delegado responsável pelo caso, João Carlos Giroto, o trabalhador foi coagido a sair da cidade.
Em um dos processos a que responde, Lima é acusado de trazer 37
trabalhadores e 17 crianças e adolescentes da cidade de Moreira Sales
(PR) para trabalhar na fazenda em Campanha MG. Ele foi condenado a uma multa de R$ 25 mil.
Outro trabalhador, que foi resgatado da fazenda em Campanha, ficou sob a proteção da Polícia Federal e foi encaminhado para uma instituição cujo nome não foi divulgado. Ele passou por tratamentos psicológicos e é considerado uma importante testemunha nas investigações dos crimes que teriam sido cometidos pelo fazendeiro.
Ocupação Fazenda Paraíso
Após a prisão de Paulo Lima, a fazenda dele foi ocupada no dia 4 de setembro do ano passado pelo Movimento Sem Terra, que alegava que as terras eram improdutivas. A direção do movimento queria que a fazenda fosse desapropriada e destinada à reforma agrária. Cerca de 200 famílias ficaram acampadas no local. Elas vieram do Sul de Minas e de outras regiões de Minas Gerais. Os integrantes do movimento ocuparam toda a área da fazenda e improvisaram acomodações.
Um dos argumentos utilizados pelo MST para que a fazenda fosse
destinada à reforma agrária é de que há uma PEC, Proposta de Emenda à
Constituição, em tramitação no Congresso, para que propriedades que
pratiquem trabalho escravo sejam colocadas para a reforma agrária. A
família de Paulo Lima alegou que a fazenda era produtiva, já que eles
plantam café e criam gado no local. Um boletim de ocorrência foi
registrado e a família entrou na Justiça com um pedido de reintegração
de posse.
Após dois dias de negociações com membros do Ministério do Trabalho e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a ocupação da fazenda terminou na tarde do dia 6 de setembro. Para que a propriedade fosse desocupada, o MTE se comprometeu a fiscalizar fazendas da região que, segundo os Sem Terra, praticam trabalho escravo.
O Caso:
Informações: Polícia Federal
Leia mais em: G1
![]() |
Caso Hélio: Depoimento de lavrador confirma trabalho escravo, diz PF de Varginha - Foto/reprodução: Eptv |
Hélio dos Santos foi encontrado nove meses após desaparecimento (Foto: Reprodução EPTV / Erlei Peixoto) |
Conforme a Polícia Federal, as investigações sobre o lavrador estão encerradas, mas o fazendeiro Paulo Lima ainda irá responder pelos crimes de redução à condição análoga de escravo e sequestro. O fazendeiro Paulo Lima foi procurado, mas não foi encontrado para falar sobre o assunto.
Chegada à Varginha
O lavrador Hélio dos Santos chegou chegou à sede da Polícia Federal de Varginha na tarde desta segunda-feira (19) escoltado por policiais e usando um colete à prova de balas, onde foi levado rapidamente para uma sala e prestou depoimento.
“O Hélio está bem e não aparenta estar deprimido. Estamos avaliando se ele corre risco de vida. Ele também é nossa testemunha nos dois processos que o fazendeiro Paulo Lima responde, que é o de trabalho escravo e sequestro”, afirmou o delegado.
Por motivo de segurança, a Polícia Federal não revelou qual era o paradeiro de Hélio. A corporação apenas informou que localizou o trabalhador rural sem os documentos pessoais em uma cidade que fica na divisa entre os estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Hélio estava sob responsabilidade do Ministério do Trabalho em Varginha após uma denúncia de que o trabalhador vivia em regime análogo à escravidão. Ele desapareceu após ser retirado do hotel pelo patrão dele, o fazendeiro Paulo Lima.
O trabalhador havia sido visto pela última vez em um dos guichês da rodoviária em Varginha, ao lado de um homem, que seria o fazendeiro Paulo Lima. As imagens de uma câmera de segurança da Guarda Municipal mostravam eles comprando uma passagem em um guichê da rodoviária. Durante esses nove meses, a polícia cogitou a possibilidade de sequestro e até o assassinato do lavrador.
Dono de fazenda preso
O fazendeiro Paulo Alves Lima, de 59 anos, suspeito de manter funcionários em regime de trabalho escravo, já respondeu por aliciamento de trabalhadores e estelionato. Segundo o Ministério do Trabalho, Lima recebeu várias notificações por desobediência às leis trabalhistas. O fazendeiro estava preso desde o dia 23 de agosto no Presídio de Varginha (MG) e foi solto no início de novembro. Ele é suspeito de ser responsável pelo desaparecimento do trabalhador rural Hélio José dos Santos, de 41 anos, que denunciou os maus-tratos ao Ministério do Trabalho.
A polícia teve acesso às imagens que mostram o trabalhador entrando sozinho em um ônibus para Lavras (MG) e, e desde então, a polícia investigava o rumo que ele teria tomado. Nas imagens feitas no dia em que o lavrador desapareceu, dois homens aparecem comprando passagem em frente a um guichê da rodoviária por volta das 13h. Testemunhas que viram o fazendeiro e o lavrador saindo do hotel afirmam que eles usavam roupas idênticas às dos dois homens que aparecem na gravação. Para o delegado responsável pelo caso, João Carlos Giroto, o trabalhador foi coagido a sair da cidade.
Fazendeiro suspeito de trabalho escravo estava preso; no detalhe, lavrador desaparecido (Foto: Reprodução EPTV) |
Outro trabalhador, que foi resgatado da fazenda em Campanha, ficou sob a proteção da Polícia Federal e foi encaminhado para uma instituição cujo nome não foi divulgado. Ele passou por tratamentos psicológicos e é considerado uma importante testemunha nas investigações dos crimes que teriam sido cometidos pelo fazendeiro.
Ocupação Fazenda Paraíso
Após a prisão de Paulo Lima, a fazenda dele foi ocupada no dia 4 de setembro do ano passado pelo Movimento Sem Terra, que alegava que as terras eram improdutivas. A direção do movimento queria que a fazenda fosse desapropriada e destinada à reforma agrária. Cerca de 200 famílias ficaram acampadas no local. Elas vieram do Sul de Minas e de outras regiões de Minas Gerais. Os integrantes do movimento ocuparam toda a área da fazenda e improvisaram acomodações.
Mulheres e crianças na ocupação do MST em fazenda de Campanha, MG (Foto: Reprodução EPTV) |
Após dois dias de negociações com membros do Ministério do Trabalho e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a ocupação da fazenda terminou na tarde do dia 6 de setembro. Para que a propriedade fosse desocupada, o MTE se comprometeu a fiscalizar fazendas da região que, segundo os Sem Terra, praticam trabalho escravo.
O Caso:
Campanha MG: lavrador que estava desaparecido terá proteção 24h, diz delegado
Fazendeiro da cidade de Campanha acusado de trabalho escravo é libertado de presídio
Informações: Polícia Federal
Leia mais em: G1