Doença rara afeta o sistema imunológico e o diagnóstico precoce é essencial
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Teste do pezinho em Minas identifica, pela primeira vez, bebê com imunodeficiência combinada grave - Foto: Fábio Marchetto |
O Programa de Triagem Neonatal (PTN), mais conhecido como teste do pezinho, realizado na rede pública de saúde estadual, diagnosticou, pela primeira vez, uma criança com imunodeficiência combinada grave (SCID), doença rara que acomete um a cada cerca de 50 mil bebês.
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Teste do pezinho em Minas identifica, pela primeira vez, bebê com imunodeficiência combinada grave - Foto: Fábio Marchetto |
“O bebê nasce mais suscetível a doenças comuns nessa faixa etária, que geralmente são facilmente combatidas pelo sistema imunológico. É um problema grave, pois, com uma resposta imunológica ineficiente, a criança é suscetível a evoluir negativamente quando acometida por doenças infecciosas comuns. Para ela, uma gripe pode ser fatal”, explica ele.
“Esse conjunto de medidas permitem que a criança se mantenha estável e livre de infecções até a realização do transplante. Então, ao fazer a triagem logo no nascimento, temos tempo hábil para instituir todas as medidas terapêuticas e profiláticas e preparar esse bebê para a jornada de cura, que é o transplante”, esclarece Jorge Andrade Pinto.
Teste do pezinho
O Programa de Triagem Neonatal (PTN), conhecido popularmente como teste do pezinho, identifica doenças raras de natureza metabólicas, genéticas e infecciosas, nos primeiros dias de vida dos bebês. Realizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a triagem permite rastrear precocemente as doenças, favorecendo a realização do tratamento rápido e adequado, impedindo sequelas associadas e, até mesmo, o óbito.
Em Minas Gerais, o teste do pezinho foi ampliado em 30/1/2024. Até o ano passado, era possível identificar 12 doenças raras. Com a ampliação, os recém-nascidos no estado estão sendo testados para 15 doenças, incluindo, além da imunodeficiência combinada grave (SCID), a atrofia muscular espinhal (AME) e a agamaglobulinemia (Agama).
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Teste do pezinho em Minas identifica, pela primeira vez, bebê com imunodeficiência combinada grave - Foto: Fábio Marchetto |
Para o secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais, Fábio Baccheretti, a ampliação está gerando ótimos resultados. “Desde a ampliação, já tivemos cinco bebês diagnosticados com AME e que estão sendo tratados e acompanhados pelo Hospital das Clínicas, com todas as possibilidades de levarem uma vida típica, sem sintomas ou sequelas da doença”, destaca.
“No caso da SCID, a criança nasce sem imunidade nenhuma e qualquer infecção pode ser fatal. Mas esse bebê, que é uma menina, do Triângulo Mineiro, já está sendo tratada, recebendo a profilaxia, e poderá ser curada com o transplante de medula óssea. Além dela, outros dois casos de SCID também estão em investigação, o que representa mais chances de cura, mais chances de vida para esses bebês e mais qualidade de vida para suas famílias”, salienta o secretário.
O secretário-chefe de Estado da Casa Civil, Marcelo Aro, também ressalta o avanço nos diagnósticos. “Muitas doenças raras, se não forem tratadas logo, podem ser fatais, como o caso da SCID”, enfatiza.
Aro reforça ainda que, a partir do diagnóstico, a criança receberá os cuidados necessários e terá a chance de crescer de forma saudável. "O Teste do Pezinho ampliado, sem dúvidas, é uma das maiores vitórias que nós já conquistamos aqui em Minas", declara.
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Teste do pezinho em Minas identifica, pela primeira vez, bebê com imunodeficiência combinada grave - Foto: Fábio Marchetto |
Doenças raras
Caso haja alguma alteração no exame, o município do paciente é acionado e novos exames e consultas agendados para confirmação do diagnóstico e início imediato do tratamento.
A coordenadora da Atenção à Saúde da Pessoa com Deficiência e Doenças Raras da SES-MG, Renata Cardoso Ferreira Vaz, destaca os esforços conjuntos para o diagnóstico e cuidado com as pessoas com doenças raras. “Temos uma rede estruturada para o diagnóstico e tratamento das doenças raras e a parceria com o Nupad e Hospital das Clínicas é essencial”, destaca.
“No nosso estado, para todas as doenças identificadas no teste do pezinho estão disponíveis o tratamento imediato e o acompanhamento permanente da criança e isso faz toda a diferença”, ressalta a coordenadora.
Os Serviços de Atenção Especializada e Serviços de Referência em Doenças Raras são responsáveis por ações diagnósticas, terapêuticas e preventivas às pessoas com doenças raras ou sob risco de desenvolvê-las.
Em Minas Gerais, os Serviços de Atenção Especializada são prestados pelo Hospital Júlia Kubitschek e Centro de Especialidades Multiprofissionais (CEM) Dr. Gê, em Bom Despacho. Já os Serviços de Referência em Doenças Raras são no Hospital Infantil João Paulo II e Hospital das Clínicas da UFMG, em Belo Horizonte; e no Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) em Juiz de Fora.
Confira abaixo as doenças que podem ser identificadas atualmente pelo PTN em Minas Gerais:
- Hipotireoidismo congênito
- Fenilcetonúria
- Doença falciforme
- Fibrose cística
- Deficiência de biotinidase
- Hiperplasia adrenal congênita
- Toxoplasmose congênita
- Atrofia Muscular Espinhal (AME)
- Imunodeficiência Combinada Grave (SCID)
- Agamaglobulinemia (AGAMA)
- Deficiência de acil-CoA desidrogenase de cadeia muito longa (VLCADD)
- Deficiência de acil-CoA desidrogenase de cadeia longa (LCADD)
- Deficiência de proteína trifuncional – DPTC
- Deficiência primária de carnitina – DPC
- Deficiência de acil-CoA desidrogenase de cadeia média (MCADD)