Diretores e funcionários da Caminho de Luz, em Machado, são acusados de organização criminosa, cárcere privado, tortura e tráfico de drogas.
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Ministério Público denuncia 15 pessoas por crimes em comunidade terapêutica no Sul de Minas - Foto: redes sociais |
O
Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) apresentou nesta segunda-feira
(26/08), denúncia contra 15 indivíduos, entre diretores e funcionários da
comunidade terapêutica Caminho de Luz, situada na zona rural de Machado, no Sul
de Minas. Eles são acusados de integrar uma organização criminosa envolvida em
crimes graves, como cárcere privado, tortura, tráfico de drogas e fornecimento
de mercadoria imprópria para o consumo.
Entre
os denunciados, há um médico, um psicólogo, três enfermeiros, além de
supervisores e coordenadores da entidade. Dos 15 acusados, cinco estão presos
preventivamente. Conforme a denúncia, alguns ex-funcionários também são
acusados de coagir vítimas após o início das investigações.
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Ministério Público denuncia 15 pessoas por crimes em comunidade terapêutica no Sul de Minas - Foto: redes sociais |
A 2ª Promotoria de Justiça de Machado, além de solicitar a condenação dos envolvidos pelos crimes mencionados, requereu uma indenização pelos danos morais causados às vítimas e à sociedade. Com a suspeita de que existam outras vítimas ainda não identificadas, o MPMG pediu a continuidade das investigações na Delegacia de Polícia de Machado, convocando ex-internos a procurarem a Polícia Civil, caso tenham sido vítimas da mesma organização.
Entenda o caso
Criada em maio de 2017, a comunidade terapêutica Caminho de Luz passou por mudanças em seu estatuto em 2019, após a promulgação da Lei nº 13.840, que proibiu qualquer forma de internação nessas comunidades. A direção da Caminho de Luz alterou o estatuto, removendo o termo "comunidade terapêutica" e continuou a se apresentar como uma clínica de internação para dependentes químicos, sem atender aos requisitos necessários para ser uma unidade de saúde.
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Ministério Público denuncia 15 pessoas por crimes em comunidade terapêutica no Sul de Minas - Foto: redes sociais |
A
partir de 2020, houve um aumento significativo nas ações judiciais de
internação compulsória na comarca de Machado (MG), muitas das quais indicavam a
Caminho de Luz como local para o tratamento, usando laudos assinados pelo
médico da própria entidade.
Em
junho de 2024, o MPMG realizou uma fiscalização na entidade, com o apoio das
Polícias Militar e Civil e da Vigilância Sanitária municipal. Durante a
operação, os internos relataram casos de tortura e cárcere privado. Foram
apreendidos diversos itens ilegais, incluindo instrumentos de contenção,
medicamentos não autorizados e receituários em branco assinados. A Vigilância
Sanitária constatou que os alimentos fornecidos aos internos eram impróprios
para consumo, incluindo produtos vencidos e cigarros contrabandeados.
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Ministério Público denuncia 15 pessoas por crimes em comunidade terapêutica no Sul de Minas - Foto: redes sociais |
Durante
a inspeção, o responsável pela entidade tentou fugir, mas foi preso em
flagrante com um envelope contendo cerca de R$ 85 mil. Outros quatro
funcionários também foram presos. As vítimas foram encaminhadas ao Pronto
Atendimento de Machado (MG), onde várias lesões corporais foram confirmadas.
As investigações revelaram que, sob o disfarce de uma comunidade terapêutica, a Caminho de Luz operava como uma organização criminosa, visando lucro financeiro por meio de atividades ilícitas, incluindo cárcere privado, tortura, tráfico de drogas e fornecimento de produtos impróprios para consumo.