Iniciativa foi dos próprios vereadores, mas que não convenceu a maioria, suficiente para lei ser aprovada
01/01/2013 12:39
Os vereadores da Câmara Municipal de Três Pontas se reuniram na manhã desta segunda-feira (30), pela última vez em 2013. Em recesso parlamentar, eles promoveram a segunda sessão extraordinária para votar três projetos de lei, dois deles polêmicos – o último o pagamento do 13º salário ao prefeito e vice a partir de 2014, uma iniciativa que partiu dos próprios legisladores. A convocação foi feita pela Comissão de Recesso ao presidente da Câmara Sérgio Eugênio Silva (PPS).
Foto: Denis Pereira |
O primeiro projeto, do Executivo altera o atual Plano de Custeio do Regime Próprio de Previdência dos Servidores Públicos de Três Pontas, a fim de manter o seu equilíbrio e atuarial. A mudança é que a Prefeitura vai reduzir o repasse patronal feito ao Instituto de Previdência (IPREV).
O instituto foi criado em 1994 pelo ex-prefeito Tadeu Mendonça. O vereador Itamar Antônio Diniz (PRTB), como forma de contribuir com a votação dos colegas fez ponderações técnicas sobre o IPREV que ele dirigiu durante a gestão da ex-prefeita Luciana Ferreira Mendonça, entre 2009 e 2011. Apesar de achar que a decisão já havia sido tomada por cada um. O instituto tem uma saúde financeira razoável, porém, ao longo a situação tende a se complicar com a proposta apresentada pelo Executivo. A nível nacional, os Regimes de Previdência estão falidos, inclusive os próprios.
“Economizar agora é colocar o IPREV em cheque depois. O calculo foi feito e depois refeito. Falo longe de questões políticas e sim por prudência, para não ferir as pessoas”, afirmou Diniz.
José Henrique Portugal (PMDB), fez sua manifestação também condenação a iniciativa, já que há risco pelo Instituto com base num cálculo equatorial feito por uma empresa privada, a Aliança Assessoria, ao invés da Caixa Econômica Federal. Na opinião dele é preciso pensar daqui a alguns anos quando os reflexos serão notórios.
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Presidente da Câmara Sérgio Silva terminou a sessão pedindo respeito aos colegas – diretamente ao vereador Paulinho Leiteiro. Eles estão no embate desde o começo do mandato |
Paulo Vitor da Silva (PP), seguiu a mesma linha e revelou que a empresa Aliança foi contratada com dispensa de licitação, em razão do valor licitado de acordo com a Lei de Licitações.
Para ele, a tendência é aumentar a questão patronal. Da forma que se encontra hoje já está difícil imagina reduzindo os repasses feitos pela Prefeitura. Ele acredita que a intenção é aliviar os gastos com pessoal do Município em 2%, já que a Administração está sendo alertada com o gasto com pessoal. “Querem que tenha um alívio momentâneo, mas ficará caótico para os que virão”, afirmou Paulinho.
Em votação, o projeto foi aprovado com os votos contrários de Paulinho, Antônio do Lázaro, Itamar Diniz, José Henrique, Joy Alberto e Edson Vitor.
A segunda lei foi do vereador Francisco Botrel Azarias “Chico Botrel”, que foi retirada da primeira sessão extraordinária na semana passada, mas que agora foi aprovada, sendo contrários apenas Paulinho e Antônio do Lázaro. O legislador garantiu que sejam ampliados os incentivos dados através do Programa de Incentivos a Projetos Habitacionais Populares, vinculados ao Programa do Governo Federal “Minha Casa, Minha Vida”, para todos os projetos habitacionais com medida de combater o déficit habitacional em Três Pontas.
O projeto mais esperado foi do pagamento de 13º salário ao prefeito e vice. O projeto de lei é de 26 de dezembro deste ano e de iniciativa dos vereadores Professor Popó, Alessandra Sudério, Chico do bairro Santana, Geraldo Messias, Luis Carlos e Valéria Evangelista. A proposta precisava alterar a lei de 07 de novembro de 2011 que fixou os subsídios para o quadriênio 2013 a 2016. A gratificação natalina estava sendo proposta acrescentando a gratificação natalina ao Chefe do Executivo e seu vice. Vale lembrar que os Secretários e Vereadores que tem seus subsídios de R$4,5 mil e R$4,8 mil já recebem o benefício no fim de cada ano. Secretários da Administração também tem direito a férias. Prefeito ganha atualmente R$15mil e vice R$7,5mil.
Paulo Vitor disse que tem o parecer do Conselho do Tribunal de Contas, que não se pode votar agora, mesmo sendo legal, é preciso ficar atento ao princípio da anterioridade. Existe a questão da moralidade e saber majorar ou legislar já tendo a definição de quem já está no cargo. Ele aponta que prefeito e vice tem o direito, mas que o benefício teria que ser votado a dois anos atrás. “Outro dia conversei com o prefeito e ele me disse que não está tendo dinheiro para nada. Estou, sinceramente, com medo do prefeito vetar este projeto, voltar para a Câmara e o presidente ter que promulgar a lei”, ironizou Paulinho, o único a falar sobre o projeto. Foram apenas os autores do projeto que votaram favoráveis e não será desta vez que o prefeito e vice vão receber dobrado em dezembro.
Quem acompanhou esta sessão da Câmara extra, foram os ex-vereadores Geraldo Alves Lopes (PMDB) e João Victor Mendes (PRTB). Este último tem aparecido bastante no Poder Legislativo nas sessões de dezembro, quando temas polêmicos foram votados.
Sérgio X Paulinho – A relação deles sempre foi amistosa, até o começo ao ano quando Sérgio Silva (PPS), assumiu a presidência da Câmara. Nesta última reunião do ano, eles voltaram a se estranhar. Paulinho queria esticar mais o assunto na votação do projeto do IPREV, mais o tempo de discussão já estava estourado e a conversa já estava partindo para outro foco. Sérgio partiu para a votação quando Paulinho quis falar de novo. O presidente disse não e Paulinho se revoltou.

Sérgio acusou Paulinho de faltar com respeito e falar de forma irônica, batendo sempre de frente com ele, o deixando sempre nervoso. “Se está nervoso, faça como fala Ruy Quintão – vai pescar”, disse Paulinho Leiteiro. Já o presidente terminou fazendo um desabafo exigindo respeito, pois é assim, que ele trata a todos, sem distinção. Ele se manifestou contrário ao 13º salário, da mesma forma que no mandato anterior foi contrário ao salário diferenciado ao presidente da Câmara. O clima entre os dois terminou tenso.
(Denis Pereira – A Voz da Notícia)
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