Superação: Sem mãos nem pés, Nelsinho é exemplo de vida - ALÔ ALÔ CIDADE

Superação: Sem mãos nem pés, Nelsinho é exemplo de vida

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27/01/2014 16:06
Nelson Tavares da Cunha tem 50 anos e mora em Poço Fundo; carinhosamente chamado e conhecido por Nelsinho, quem se encontra com ele fica contagiado por sua simpatia e bom humor.

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 Nelsinho é exemplo de superação - Foto Brasil Metrópole
Ainda que possua deficiências que poderiam limitar sua vida, Nelsinho superou obstáculos e até mesmo preconceitos, conseguindo se desenvolver em uma pessoa totalmente independente. Penúltimo filho de uma família de onze irmãos, Nelsinho vive com a mãe, D. Laura, uma simpática, lúcida e temerosa senhora de 92 anos de idade.

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Dona Laura fala do sofrimento que enfrentou ao lado do filho - Foto Brasil Metrópole


O que mais surpreende em Nelsinho é sua habilidade em manusear ferramentas no seu ofício: ele trabalha como paneleiro, e para desempenho da profissão, inventou, com muita criatividade, instrumentos que só ele tem: “Tenho coisas aqui que só eu possuo. Nenhum outro paneleiro tem!”, conta orgulhoso. Com muita facilidade, ele serra panelas de pressão antigas, e as transforma em panelas baixas. Ele conta que consegue cortar mais de 10 panelas ao dia. Através do ofício, Nelson consegue sua renda própria, já que não conseguiu se aposentar: “Por ser dependente da minha mãe, só em falta dela eu consigo o benefício”, lamenta. De acordo com o advogado Dr. José Jorge de Oliveira, de São Gonçalo do Sapucaí, todo benefício previdenciário é resultado de uma contribuição, sendo considerado o pagamento de pelo menos 12 meses de contribuição. Nesse caso, Nelson terá direito a auxílio doença, ou até mesmo aposentadoria por invalidez. O caso de Nelsinho não se encaixa nos critérios do Benefício de Assistência Continuada (LOAS) já que é dependente na pensão que sua mãe recebe.

Por trás do sorriso constante, Nelsinho traz uma história triste marcada por preconceitos na infância. Ainda bebê, uma doença rara e desconhecida acometeu Nelsinho: uma espécie de trombose fez com que parte de suas mãos e pés fossem necrosando, de modo que já aos dois anos de idade ele não possuía mais os membros. “Eu ia dar banho nele, pequenino, e iam caindo na bacia os dedinhos, pedaços de carne, e muito sangue”, conta D. Laura. Na época os médicos não conseguiram descobrir a doença, o que é um mistério até hoje. Com muita fé, D. Laura colocava o menino ainda bebê ao lado do rádio, para ouvir as orações das 6 da tarde. Ela considera o filho um milagre de Deus, e credita a cura e superação do filho à Nossa Senhora, de quem é muito devota.

Já na infância, Nelsinho foi praticamente proibido de frequentar a escola, isso pelo medo dos professores quanto à reação das outras crianças. “Me chamavam de aleijado, de sem mão, mas eu nunca esquentei a cabeça”, conta Nelsinho. Como não pode frequentar escola, o homem aprendeu a ler sozinho, além de ter tido aulas de matemática e português em casa. “Meu pai pagou uma professora pra me ensinar em casa mesmo, já que eu não podia frequentar a escola”, conta. E não pense que Nelsinho apenas sabe ler: ele também escreve. Com muita habilidade, ele consegue segurar a caneta e escrever com uma caligrafia impecável. Sua lição de vida rendeu o convite para palestrar em uma escola de Poço Fundo, tendo sido ao final da palestra, bastante aplaudido, pelo público emocionado.

Embora sua história seja marcada pela discriminação, Nelsinho nunca se deixou abater: ele conta que depressão nunca fez parte de sua vida, e que seu maior prazer é ajudar as pessoas através de conselhos, especialmente sentimentais: “Já ajudei casais a reatar, até mesmo casos na minha família. As pessoas não podem se separar só porque há algum problema na família, como o vício da bebida. Só pode se separar quando acaba o amor. Se existe amor, não pode separar”, opina com propriedade. Dono de grande sabedoria, Nelsinho não se casou, mas alimenta o sonho de ter um filho, e pensa até mesmo em adotar um: “Eu tenho muitos filhos que considero de coração, sou cercado de crianças, e amo muito eles. Mas eles têm seus pais, e eu quero ter um filho meu mesmo”, desabafa. Ele ainda conta que em toda sua vida só teve três namoradas, mas só uma marcou de verdade seu coração: “Ela já foi embora daqui, mas não casou até hoje. Então, quem sabe, né?”, brinca.

Nelson não tem auto piedade por causa de sua deficiência, pelo contrário: desenvolveu habilidades que nem mesmo pessoas sem limitações conseguem desenvolver. Nelsinho desenha, pinta, faz artesanato, escreve, desmonta, conserta e monta bicicletas, além de cortar panelas. Dentro de casa, ele se locomove de joelhos, e para não machucar os membros, usa calças compridas. Já para ir a locais cuja distância seja significante, ele utiliza de um skate, além de um carrinho de rolimã adaptado. Além da vontade de ter filhos, Nelsinho conta que seu outro grande sonho é conhecer o apresentador Geraldo, da Rede Record, e mostrar sua história no programa: “Ainda vou almoçar com ele”, confia.

Fotos: Brasil Metrópole:




































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Informações, fotos e vídeo: Brasil Metrópole