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Vale da Eletrônica pode perder receita

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Caso não aconteça uma reação neste semestre, previsão é que faturamento feche este ano com queda de 30%

09/07/2015 01:19

O Arranjo Produtivo Local do Vale da Eletrônica é formado por 153 empresas, que atuam em 16 segmentos/Sindivel / Divulgação
Caso o mercado não reaja neste semestre, as empresas do Vale da Eletrônica, em Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas, deverão registrar queda de 30% no faturamento de 2015 na comparação com o registrado no ano passado, estima o presidente do Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Vale da Eletrônica (Sindvel), Roberto de Souza Pinto. Por outro lado, na primeira metade deste ano não foram verificadas demissões em massa e paralisações no Arranjo Produtivo Local (APL).

Na avaliação do dirigente da entidade, nos primeiros seis meses de 2015 o setor sobreviveu em função de pedidos fechados no exercício passado. Dessa forma, segundo ele, medidas já adotadas em outros segmentos neste momento de crise não foram colocadas em prática no município do Sul de Minas, como férias coletivas, dispensas em massa e redução de jornada de trabalho.

Porém, segundo ele, a preocupação diz respeito a este semestre e à primeira metade de 2016. Por isso, Souza Pinto cobra a participação do poder público na solução do atual momento econômico. "O empresário e seus trabalhadores não têm a ferramenta de conserto, que está nas mãos do governo", afirma.

O presidente da entidade lembra que o desenvolvimento é resultado de uma "tríplice hélice", formada por indústria, academia e poder público. "O apoio do governo, com incentivos fiscais, é base para tudo funcionar. Se isso não ocorrer, tudo vai por água abaixo", diz.

O APL do Vale da Eletrônica é formado por 153 empresas, que atuam em 16 segmentos. Em alguns estabelecimentos, a crise gera oportunidades de novos negócios, conforme Souza Pinto.

Em uma empresa de encapsulamento de chips, por exemplo, a produção de componentes para cartões utilizados em ônibus e metrô aumentou 60%. A indústria produz também chips para passaportes, aparelhos celulares e cartões de banco.

Com a crise é registrado também um aumento na demanda por automatização, uma vez que as empresas buscam elevar a produtividade e reduzir os custos com mão de obra. "E isto demanda produtos do Vale da Eletrônica, como sensores e softwares", explica.

Outro segmento apontado pelo presidente do Sindvel é o de produtos de segurança. Quando nós estamos em crise, a insegurança da sociedade aumenta", diz. Dessa forma, conforme ele, cresce a produção de centrais de alarme, sensores, cercas e interfones, entre outros. Segundo ele, são 38 empresas neste ramo em Santa Rita do Sapucaí.

Ele lembra que quando um segmento do APL registra melhora na demanda, os outros podem ser beneficiados, uma vez que a produção de apenas um produto poder movimentar várias empresas.

Perfil - Souza Pinto destaca ainda o perfil do segmento no município como uma das ferramentas para enfrentar o momento negativo da economia brasileira. Uma das características do polo é o alto investimento em formação de mão de obra e a inovação tecnológica.

Para ele, Santa Rita do Sapucaí é uma cidade privilegiada por conta da estrutura de desenvolvimento, pautado na "academia". Ou seja: na formação de pessoas. Além disso, ele reforça a participação da indústria e do poder público que, segundo ele, ainda é visto na prática no município. "Estão todos conscientes que nada existe sem o investimento. Isto já é uma cultura", diz.

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